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CRIME ORGANIZADO
Testemunha diz na Justiça ter visto acusado ligado ao grupo de Hildebrando atirar três vezes
Açougueiro depõe sobre morte de policial
ABNOR GONDIM
enviado especial a Rio Branco
Testemunha convocada pelo Ministério Público Federal reforçou a suspeita que o policial
civil Walter José
Ayala foi morto em Rio Branco,
em 1997, como "queima de arquivo" pelo suposto grupo de extermínio comandado pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal.
O açougueiro José Lourival de
Melo França disse ao juiz Pedro
Francisco da Silva que viu o segurança Raimundo Alves de Oliveira, o Raimundinho, matar o policial a tiros dentro de um ônibus.
Raimundinho seria um dos matadores do grupo do ex-deputado.
"O senhor sabe identificar
quem disparou contra a vítima?",
perguntou o juiz à testemunha
em sessão reservada realizada no
último dia 16 com a presença de 8
dos 41 acusados de integrar a suposta quadrilha. "Foi aquele", respondeu França na direção de Raimundinho, sem hesitação.
O Ministério da Justiça incluiu o
açougueiro, sua mulher e três filhos no programa de proteção a
testemunhas. Eles foram transferidos para Brasília sob a escolta do
agentes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal.
O açougueiro é a primeira testemunha ocular dos crimes atribuídos ao grupo de Hildebrando que
não responde a qualquer processo na Justiça, como ocorre com
outras testemunhas protegidas
que acusam o ex-deputado e querem anistia judicial.
França disse ao juiz que ouviu
três tiros disparados contra Ayala
no interior do ônibus onde ele estava, na avenida das Nações Unidas, em frente à agência do extinto Banacre, onde ocorreu o crime.
"O autor dos disparos portava
duas armas, sendo um revólver e
uma pistola", disse França. "Após
efetuar os disparos, o elemento se
dirigiu a uma motocicleta de cor
vermelha que o esperava para
empreender fuga", registra o depoimento da testemunha.
A versão do Ministério Público
aponta que o assassino esperava
que a vítima descesse na parada
de ônibus. Como isso não aconteceu, ele subiu no ônibus e disparou quase à queima-roupa.
Ayala teria sido morto porque
fora convidado para depor no
Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana, do Ministério
da Justiça, sobre crimes atribuídos ao grupo de Hildebrando, do
qual também teria participado.
Por isso, o Ministério Público
pediu a federalização do crime.
Alegou que os autores do assassinato feriram interesses da União
porque impediram o depoimento
de testemunha no CDDPH.
Jair Medeiros, advogado de Raimundinho, disse que o reconhecimento não é válido. Anteriormente, o açougueiro identificou o
segurança diante de duas fotos
mostradas pela polícia. Segundo
ele, o reconhecimento, para ter
validade, precisa ser feito com pelo menos outras quatro pessoas.
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