São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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NATAL CASEIRO

Petista passa Natal em casa à base de leitão à pururuca e peru com familiares e poucos amigos

Visitas dão e recebem presentes de Lula

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, passou por cima das recomendações médicas e abusou das gorduras e calorias em sua ceia de Natal.
Leitão à pururuca, cabrito assado, tender, peru e farofa formaram o cardápio do jantar servido anteontem à noite no apartamento do petista, em São Bernardo do Campo (SP).
"O Lula comeu de tudo, um pouco de cada coisa. Ainda não foi dessa vez que ele começou o regime", contou Laerte Demarchi, amigo de Lula e um dos participantes da ceia. Dono do restaurante São Judas Tadeu e de uma empresa que organiza festas, foi Demarchi quem providenciou as comidas e bebidas do jantar do presidente eleito.
No último check-up que realizou, pouco depois das eleições, Lula foi orientado pelos médicos a controlar sua alimentação, ingerindo menos gorduras, pois teria que perder peso.
Somente 11 pessoas participaram da ceia, incluindo dois empregados da casa de Lula. Além do presidente eleito e sua mulher, Marisa, estavam lá três dos filhos do casal, Demarchi e a mulher dele (Aparecida), uma empregada que trabalha como diarista no apartamento de Lula e o marido dela, a sogra do primeiro casamento de Marisa e o motorista e secretário da futura primeira-dama.
Antes do jantar, Marisa jogou cartas com Aparecida e os filhos, enquanto Lula e Demarchi viram TV e conversaram.
O presidente eleito tomou cerveja. Por volta da meia-noite, abriu uma garrafa de champanhe e bebeu uns goles. Os convidados deixaram seu apartamento à 1h30 de ontem.

"Época triste"
"Acho o Natal uma época triste. Não sei porque, mas acho uma época muito triste. Se o povo conseguisse se juntar com suas famílias, todos com saúde e tiverem o que almoçar e jantar, acho que valeu a pena passar mais um Natal", disse Lula anteontem, ao visitar numa clínica em Santo André o ex-metalúrgico Fernando Santos de Carvalho, o Marimbondo.
O petista afirmou que teve seu primeiro presente de Natal só aos 18 anos -comprado por ele próprio. "Era uma bicicleta velha, que eu gastava mais tempo para colocar a corrente dela, que caía toda hora. Acho que a gente não deve ficar chateado, tem que viver com o que tem, levantar a cabeça e acreditar que a gente vai melhorar", declarou Lula.
"O Natal é um dia em que o consumismo deixa muita gente abatida, porque quer comprar uma coisa nova e não tem [dinheiro] para comprar. Sei de milhões de pessoas que ficam pelas ruas pensando em comprar e não conseguem. Milhões não ganharão nenhum presente."
Ontem à tarde, Lula recebeu a visita do amigo italiano Antonio Vermigli, que estava acompanhado de mais 11 pessoas -todos subiram. Vermigli, jornalista que milita em movimentos sociais na Itália, disse ter vindo do seu país só para ver o presidente eleito. Levou de presente queijo parmesão, cigarrilhas e uma garrafa de azeite, que se quebrou na calçada do prédio.
O artista plástico Cândido Oliveira, de Guarulhos, pediu aos porteiros para entregarem a Lula um quadro que pintou do petista, e o ex-presidiário Jocenir Prado fez o mesmo com o seu livro, "Diário de um Detento".

Broche e autógrafo
O metalúrgico aposentado José Honório de Melo, 65, seus dois filhos, Ruth 34, e Rubem, 35, além de uma neta, ganharam um autógrafo em uma bandeira do PT de Lula como presente de Natal. A família esperou por quase duas horas antes de ser recebida. Além do autógrafo, o presidente eleito os presenteou com 5 broches do PT.
Segundo o metalúrgico aposentado, que disse ter conhecido Lula no final dos anos 70, nas greves do ABC, o petista os recebeu no hall de entrada do prédio e vestia bermuda, chinelos e uma camiseta do clube de futebol Náutico, do Recife. "Ele é muito simples", disse Ruth, ao deixar o prédio de Lula.


Colaborou FABRICIO VIEIRA, da Reportagem Local


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