São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 2001

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RUMO A 2002

Governador do Rio acerta sua filiação ao PSB e se oferece para "enfrentar o desafio" da corrida presidencial
Garotinho defende candidatura única

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Rio, Anthony Garotinho, 40, desembarca no PSB na próxima segunda-feira defendendo uma candidatura única da oposição em 2002 e já se oferecendo a seu novo partido para "enfrentar o desafio" da corrida presidencial.
Ao acertar seu ingresso no PSB com o presidente do partido, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, Garotinho pleiteou e conseguiu a garantia de que só não concorrerá a um segundo mandato se não quiser: "Como não tenho um projeto pessoal, (eu disse que) se o partido precisasse do meu nome para disputar a eleição presidencial, eu estaria disposto a enfrentar esse desafio".
Ao falar à Folha sobre sua filiação, Garotinho conversa pausadamente. Meses antes de anunciar em novembro sua saída do PDT -após dois anos de confronto com o presidente nacional do partido, Leonel Brizola-, Garotinho já vinha negociando seu ingresso no PSB. Demorou a convencer a direção nacional e algumas lideranças de que não tentaria tomar o controle da sigla ou usá-la como legenda de aluguel.
As resistências só foram vencidas quando o governador de Minas, Itamar Franco, que vinha recebendo tratamento preferencial, rejeitou o convite do partido.
"Fiz questão de frisar ao doutor Arraes que eu gostaria de entrar no partido sem nenhum tipo de homenagem especial. Disse que queria entrar como um militante", afirma Garotinho, salientando que não terá nenhum cargo de direção no PSB. "Eu não gosto de políticos que têm vaidade em ocupar posições. Entre a vaidade e a humildade, eu cultivo a humildade", diz, sorrindo.
Apesar de dizer que entrará como "soldado" no PSB, ele não se filia sozinho. A elite de seu exército no Rio também assina a ficha de filiação na segunda na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Pelas contas de seu grupo, serão cerca de 200 pessoas, entre os quais 3 deputados federais e 14 estaduais, 9 secretários estaduais, 120 vereadores e 32 prefeitos -número quatro vezes maior do que os 8 prefeitos eleitos pelo PSB no Estado.
Esse contingente -que foi submetido a uma triagem feita por uma comissão formada por alguns aliados e por dirigentes do PSB- não chega perto dos 12 mil militantes que teriam assinado o desligamento do PDT na cerimônia de saída do governador do partido, conforme foi anunciado pelo próprio Garotinho em novembro do ano passado. Segundo a direção do PDT, entretanto, apenas 38 haviam efetivamente se desligado até anteontem.
Garotinho frisa que não haverá uma filiação em massa: "Ela vai acontecer gradativamente, solucionando divergências locais normais entre lideranças que disputaram o mesmo espaço nas eleições para deputado ou prefeito".
Na sua estratégia, a principal preocupação foi manter juntos os principais aliados no Estado e acomodá-los em uma legenda. Feito isso, o objetivo agora é ampliar a base fora do Rio, cooptando os desgarrados que o PDT vem perdendo no resto do país, especialmente no Rio Grande do Sul: "Pretendo ajudar a fortalecer o partido nas regiões Sul e Sudeste e fazer com que o PSB tenha um bom resultado nas eleições em 2002 em todo o país".
Se depender dos assessores que acompanham Garotinho distribuindo fotos do governador com a frase "fé no Brasil" e um pretenso autógrafo rabiscados no verso, o beneficiário do fortalecimento do PSB já tem nome.


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