|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Problema no Brasil é político, não econômico"
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
William Rhodes, vice-presidente do Citigroup, o megaconglomerado financeiro presente em
mais de cem países, ficou a um
passo de repetir ontem, com sinal
trocado, a frase ("é a economia,
estúpido") que os marqueteiros
disseram a Bill Clinton, em sua
primeira campanha presidencial.
Em Davos, Rhodes desenhou
um cenário para o Brasil que poderia ser resumido exatamente na
frase "é a política, estúpidos".
Para Rhodes, com mais de 20
anos de experiência em Brasil e
que fala razoável "portunhol", o
problema para o país não é a economia, ainda que ela venha a ser
afetada pela desaceleração dos
EUA. "É o fator político, que vai
começar a pipocar por causa das
eleições (presidenciais de 2002)."
Rhodes lamentou que campanhas presidenciais no Brasil comecem "muito cedo", uma frase
que pode ser entendida de duas
maneiras. Uma é simplesmente
factual: de fato, no mundo desenvolvido, campanhas eleitorais duram muito menos tempo.
A segunda leitura é mais política: o mundo financeiro está satisfeito com o governo Fernando
Henrique Cardoso e lamenta a
antecipação do debate sucessório.
Mas Rhodes fica longe de outros
especialistas do mercado financeiro que não escondem a má
vontade em relação às candidaturas de oposição a FHC.
Também o presidente do BC,
Armínio Fraga, foge desse terreno
minado, ao dizer que "é muito cedo" para falar em sucessão.
Armínio não exibe sinal de inquietação com a hipótese de uma
vitória da oposição em 2002. Seu
teorema: "Certas idéias vieram
para ficar, como a de que transparência é bom, responsabilidade
(fiscal) é bom, eficiência econômica é bom. Mas é claro que nenhum modelo é perfeito e que a
democracia traz mudanças. O
Brasil está com uma estrutura capaz de digerir essas coisas".
(CR)
Texto Anterior: Armínio sai em defesa de programas do FMI Próximo Texto: Enxame político toma vitrine de anti-Davos Índice
|