DO ENVIADO ESPECIAL A NÃO-ME-TOQUE

O líder do MST, João Pedro Stedile, afirmou que o movimento irá destruir todas as lavouras comerciais com sementes transgênicas. Ele acusou a Monsanto de vender sementes de soja transgênicas (o que é proibido) e recuou na ameaça de queimar a fábrica da empresa no pólo de Camaçari (BA). Mas quer impedir a fábrica de funcionar. Leia entrevista concedida logo depois da destruição da lavoura da Monsanto.

Pergunta - Por que o MST destruiu esta lavoura de soja?
João Pedro Stedile - É uma mensagem simbólica de que não podemos aceitar as lavouras comerciais transgênicas. Essa é a deliberação que o MST tirou no seu congresso. Todos os lugares do Brasil em que encontrarmos lavouras comerciais transgênicas, nós vamos destruir.

Pergunta - Isso não é radicalismo?
Stedile - Todo enfrentamento gera perplexidade, mas são eles que produzem as mudanças sociais.

Pergunta - Por que, no seu discurso, o sr. defendeu queimar a fábrica da Monsanto na Bahia?
Stedile - (Queimar a fábrica) É figura de linguagem, no sentido de que os companheiros ocupem as instalações da fábrica e impeçam mais uma fábrica de veneno (herbicida).

Pergunta - O sr. não teme a reação do governo ao que aconteceu hoje (ontem)?
Stedile - O governo Fernando Henrique usou US$ 300 milhões de dinheiro público para emprestar à Monsanto para fazer a fabrica de veneno em Camaçari.
Sintomaticamente, é o mesmo valor que o governo emprestou para 600 mil pequenos agricultores. Isso não podemos admitir.

Pergunta - Mas a Monsanto deve processar o MST pelo que aconteceu aqui.
Stedile - Se tiverem que processar, vão ter que processar todas as pessoas que estiveram aqui. O que nós fizemos aqui foi um ato de justiça. Quem é ilegal é a Monsanto, que comercializa soja transgênica, o que é proibido.

Pergunta - O sr. também deve ser processado.
Stedile - Não estou preocupado.


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