|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tortada é crítica bem-humorada, afirma ativista
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
"Tacar uma pedra é agressão, tacar uma torta na cara é
uma crítica bem-humorada", diz Rafael [nome fictício], um dos organizadores
da ação que culminou com uma tortada no presidente
do PT, José Genoino.
"A gente quer ser criativo,
bem-humorado. Foi uma
coisa bem pastelão", disse.
Segundo ele, que estava
com a ativista na hora da
ação, o objetivo da crítica foi
dizer que o movimento antiglobalização não se sente representado pelo presidente
Lula. "Ele foi a Davos supostamente como nosso representante, e a gente queria dizer que os nossos representantes são aqueles que estão
lutando e apanhando nas
ruas, levando tiros de borracha por protestar contra o
capitalismo", afirmou.
Rafael, que não quer se
identificar por medo de represálias, diz que é contra a
apropriação do movimento
antiglobalização por partidos de esquerda.
"Há diferença entre um
governo de esquerda e um
de direita, mas a sociedade
não vai ser mudada pelo voto. A sociedade mudou mais
o PT do que o PT mudou a
sociedade", declarou.
"A gente acredita na ação
direta, e não na transformação da sociedade pela via
institucional. Se o voto mudasse alguma coisa, ele já teria sido proibido", disse.
A torta de morango com
chantilly foi comprada pelos
ativistas em uma padaria.
"Era uma torta vagabunda,
dessas com muito creme. A
gente esperava que um morango ficasse grudado no
rosto do Genoino."
Rafael não disse em quantos eles estavam, mas afirmou que a torta foi levada
dentro de uma sacola e que
eles não tiveram problemas
para entrar no salão. "Por
motivos de segurança, preferimos não divulgar nossos
métodos."
Os ativistas deixaram um
manifesto em nome do grupo Confeiteiros Sem Fronteiras, uma organização que
não existe na prática. A escolha do nome faz parte do lado "bem-humorado" do
protesto. Na realidade, eles
são ativistas autônomos.
Texto Anterior: Manifestante joga torta na cara de Genoino Próximo Texto: Frases Índice
|