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Lula debaterá reforma em fábricas
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci, afirmou que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva irá a "portas de fábricas" discutir com trabalhadores a
necessidade de realizar reformas,
em especial a da Previdência.
"Acordos com o Congresso Nacional são muito importantes para a governabilidade, mas é imprescindível também conquistar
a sociedade civil. Com sua participação, teremos a governabilidade
ampliada, em condições de sustentar um governo progressista.
Sem a participação da sociedade,
nós teremos dificuldades para fazer as reformas", afirmou o secretário-geral da Presidência.
"Somente a eleição não garante
que as mudanças serão feitas. As
forças que foram eleitoralmente
derrotadas têm um poder de comunicação e de mobilização muito superior aos votos que tivemos", declarou.
"São forças de elite muito poderosas, apesar de neste momento
estarem atordoadas. Mas elas vão
se reconstituir, aprendendo com
as próprias derrotas. E podem
montar estruturas tão fortes que
vão nos derrotar se não tivermos
cuidado", afirmou.
Dulci disse que o discurso de
Lula em Davos (Suíça) teve tom
inédito nas reuniões do Fórum
Econômico Mundial. "Usou uma
linguagem que, talvez, nunca tenha sido falada lá. Foi um pronunciamento coerente com o discurso feito no Fórum Social Mundial. A mensagem é a mesma: de
que o mundo precisa de uma nova ordem econômica, política e
social", declarou.
Dulci participou na tarde de ontem de seminário sobre os "movimentos sociais nas políticas públicas" na PUC-RS. O discurso de
Lula em Davos foi exibido em um
telão pela manhã, tendo sido
acompanhado por milhares de
participantes do fórum.
Genoino
O presidente do PT, José Genoino, comentou a proposta feita por
Lula da criação de um fundo internacional contra a fome. "Viabiliza o enfrentamento do mais grave problema da humanidade. O
presidente Lula, com grande lucidez, defendeu uma aliança contra
a guerra e contra a pobreza."
Para o petista, o pronunciamento de Lula mostrou que foi correta
sua decisão de ir ao Fórum Econômico Mundial. "Aqueles que
discordavam da ida de Lula a Davos são pessoas equivocadas, estreitas, que fazem do protesto a
inconseqüência para facilitar a
política belicista dos reacionários.
E quem leva esquerda para isolamento facilita a posição dos que
querem a guerra, dos que querem
o terrorismo. Às vezes, dizem que
estão combatendo, mas estão fazendo o jogo daqueles que querem levar a humanidade à tragédia, à barbárie", afirmou. Genoino participou do debate "Lacunas
e tensões entre movimentos sociais, partidos e instituições políticas" do Fórum Social Mundial.
Declarou que o governo do PT é
"de esquerda, mas não maciçamente de esquerda". "Isso merece
vigilância por parte do partido. O
mundo já viveu experiências anteriores em que a esquerda chegou ao poder, mas acabou domesticando e cooptando a sociedade e os partidos", declarou o
presidente do PT.
Genoino disse que o governo
não pode enfraquecer os movimentos sociais. "Eles têm de ser
autônomos para negociar com o
governo. A corda não pode quebrar para transformar os dois em
inimigos."
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