São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2004

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NO AR

O poderosíssimo

NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA

Franklin Martins falou em "poderosíssimo", mais até, "primeiro-ministro", no seu comentário de ontem.
Trata-se de José Dirceu, o chefe da Casa Civil que saiu brincando nos 450 anos, para a Jovem Pan, que não havia ganho "mais poder", só "mais trabalho". Segundo a Pan, "depois ele se corrigiu".
Até porque a agenda do poderosíssimo, em seu primeiro dia de trabalho, já denunciava que ele está mais para presidente do que para ministro, nesta nova viagem de Lula.
Recebeu ministros novos e até ministros demitidos, para deixar claro a todos que não existe política de ministros -e sim política de governo.
E não tem mais assunto de que ele, José Dirceu, não fale. Se já tomou para si a secretaria de Gestão, que era parte do Ministério do Planejamento, também os juros são tema seu.
Segundo a Globo, o poderosíssimo "defendeu a decisão do Banco Central de manter as taxas e fez uma previsão: este ano, os juros vão cair no máximo quatro pontos percentuais, ficando em 12,5%".
Depois o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, atenuou a previsão, afirmando vagamente que "os juros podem cair ainda mais e ainda este ano".
Palocci que tratou de declarar que a reforma ministerial, que criou o poderosíssimo, "vai tornar mais ordenado o processo decisório no governo".
 
Em longa entrevista ao Bom Dia Brasil, o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, conseguiu não citar o nome de José Dirceu uma única vez.
 
Com Lula em viagem e José Dirceu no poder, não sobra muito para José Alencar.
Ultimamente, sobra responder às acusações do Fantástico e outros: primeiro, furar fila de transplante; agora, tentar emplacar emprego público para o neto de um amigo.
Não pegou bem, embora não se tenha evidenciado o envolvimento do vice-presidente. E ele, a seu jeito, saiu exigindo:
- Quero investigação muito séria, do Ministério Público, CPI, qualquer uma.
 
Mais constrangedor do que o vice, só Cristóvam Buarque.
À Globo, por meio de "assessores", ele saiu dizendo que foi demitido porque mandou carta exigindo mais verbas para pagar professores.
Às rádios que cobriram sua chegada a Brasília, com discurso para militantes e tudo, disse que sua demissão foi "uma vitória de Joaquim Roriz".
Vai levar a mágoa, pelo jeito, por toda a vida política.


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