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NO AR
O poderosíssimo
NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA
Franklin Martins falou
em "poderosíssimo", mais
até, "primeiro-ministro", no seu
comentário de ontem.
Trata-se de José Dirceu, o chefe da Casa Civil que saiu brincando nos 450 anos, para a Jovem Pan, que não havia ganho
"mais poder", só "mais trabalho". Segundo a Pan, "depois ele
se corrigiu".
Até porque a agenda do poderosíssimo, em seu primeiro dia
de trabalho, já denunciava que
ele está mais para presidente do
que para ministro, nesta nova
viagem de Lula.
Recebeu ministros novos e até
ministros demitidos, para deixar claro a todos que não existe
política de ministros -e sim política de governo.
E não tem mais assunto de
que ele, José Dirceu, não fale. Se
já tomou para si a secretaria de
Gestão, que era parte do Ministério do Planejamento, também
os juros são tema seu.
Segundo a Globo, o poderosíssimo "defendeu a decisão do
Banco Central de manter as taxas e fez uma previsão: este ano,
os juros vão cair no máximo
quatro pontos percentuais, ficando em 12,5%".
Depois o ministro da Fazenda,
Antônio Palocci, atenuou a previsão, afirmando vagamente
que "os juros podem cair ainda
mais e ainda este ano".
Palocci que tratou de declarar
que a reforma ministerial, que
criou o poderosíssimo, "vai tornar mais ordenado o processo
decisório no governo".
Em longa entrevista ao Bom
Dia Brasil, o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, conseguiu não citar o nome de José
Dirceu uma única vez.
Com Lula em viagem e José
Dirceu no poder, não sobra
muito para José Alencar.
Ultimamente, sobra responder às acusações do Fantástico e
outros: primeiro, furar fila de
transplante; agora, tentar emplacar emprego público para o
neto de um amigo.
Não pegou bem, embora não
se tenha evidenciado o envolvimento do vice-presidente. E ele,
a seu jeito, saiu exigindo:
- Quero investigação muito
séria, do Ministério Público,
CPI, qualquer uma.
Mais constrangedor do que o
vice, só Cristóvam Buarque.
À Globo, por meio de "assessores", ele saiu dizendo que foi demitido porque mandou carta
exigindo mais verbas para pagar professores.
Às rádios que cobriram sua
chegada a Brasília, com discurso para militantes e tudo, disse
que sua demissão foi "uma vitória de Joaquim Roriz".
Vai levar a mágoa, pelo jeito,
por toda a vida política.
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