São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Delcídio reclama de pressão; Serraglio diz que mantém decisão de citar Lula

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mesmo dia em que foi chamado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS) reclamou em tom de brincadeira, em um jantar anteontem, da intenção do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) de citar o presidente da República no documento final da comissão.
"Tenho sofrido muita pressão por causa das posições avançadas do relator", disse Delcídio, segundo parlamentares da oposição e aliados presentes no jantar, marcado para discutir o relatório final da CPI. Serraglio estava na mesa.
Apesar disso, o relator repetiu ontem que citará o presidente Lula em seu parecer. "Existem provas no processo de que o assunto foi levado ao presidente da República, tanto que ele teria pedido providências ao Aldo Rebelo [então ministro da Articulação Política]. Vou dizer que ele sabia do "mensalão", mas ainda não sei o nível de informação que ele tinha", afirmou Serraglio, para quem Lula foi "negligente".
Anteontem, Lula cobrou explicações de Delcídio, que é líder do PT no Senado, a respeito das declarações de Serraglio. Pelas conversas em curso entre a base aliada e a oposição, a tendência é poupar Lula no relatório final.

Oposição
Apesar de Serraglio ressaltar que não pretende responsabilizar o presidente, apenas "relatar" que ele supostamente sabia da compra de apoio pelo governo, parlamentares do PSDB e do PFL afirmam que isso equivale a um crime de responsabilidade, porque Lula não teria tomado providências para coibir a prática.
Além de Serraglio e Delcídio, estavam no jantar os deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ), Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), Onyx Lorenzoni (PFL-RS), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e o vice-presidente da comissão, Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
Delcídio tem reclamado com integrantes da CPI que Serraglio está falando demais, na sua opinião, e teria pedido moderação aos parlamentares presentes no jantar. O petista está conversando com líderes partidários na tentativa de construir um acordo em torno do relatório final.
Os membros da CPI ironizaram no encontro de anteontem o relator. "Fez muito bem Serraglio, teve uma atitude firme", disseram.

Calendário
A reunião foi marcada para discutir o parecer final da CPI, previsto para o período de 15 a 20 de março. Pelo calendário, a estrutura do documento estará definida em duas semanas, e até o final de fevereiro os sub-relatores apresentarão um esboço de suas conclusões. Entre 10 e 15 de março, os sub-relatórios estarão prontos e serão entregues para Serraglio incorporar no texto final.
A CPI possui cinco sub-relatorias: fundos de pensão, movimentação financeira, contratos, combate à corrupção e IRB (Instituto de Resseguros do Brasil).


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