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Delcídio reclama de pressão; Serraglio diz que mantém decisão de citar Lula
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que foi chamado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ao Palácio do Planalto, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral
(PT-MS) reclamou em tom de
brincadeira, em um jantar anteontem, da intenção do relator
Osmar Serraglio (PMDB-PR) de
citar o presidente da República no
documento final da comissão.
"Tenho sofrido muita pressão
por causa das posições avançadas
do relator", disse Delcídio, segundo parlamentares da oposição e
aliados presentes no jantar, marcado para discutir o relatório final
da CPI. Serraglio estava na mesa.
Apesar disso, o relator repetiu
ontem que citará o presidente Lula em seu parecer. "Existem provas no processo de que o assunto
foi levado ao presidente da República, tanto que ele teria pedido
providências ao Aldo Rebelo [então ministro da Articulação Política]. Vou dizer que ele sabia do
"mensalão", mas ainda não sei o
nível de informação que ele tinha", afirmou Serraglio, para
quem Lula foi "negligente".
Anteontem, Lula cobrou explicações de Delcídio, que é líder do
PT no Senado, a respeito das declarações de Serraglio. Pelas conversas em curso entre a base aliada e a oposição, a tendência é
poupar Lula no relatório final.
Oposição
Apesar de Serraglio ressaltar
que não pretende responsabilizar
o presidente, apenas "relatar" que
ele supostamente sabia da compra de apoio pelo governo, parlamentares do PSDB e do PFL afirmam que isso equivale a um crime de responsabilidade, porque
Lula não teria tomado providências para coibir a prática.
Além de Serraglio e Delcídio, estavam no jantar os deputados
Eduardo Paes (PSDB-RJ), Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), Onyx Lorenzoni (PFL-RS),
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e o
vice-presidente da comissão, Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
Delcídio tem reclamado com
integrantes da CPI que Serraglio
está falando demais, na sua opinião, e teria pedido moderação
aos parlamentares presentes no
jantar. O petista está conversando
com líderes partidários na tentativa de construir um acordo em
torno do relatório final.
Os membros da CPI ironizaram
no encontro de anteontem o relator. "Fez muito bem Serraglio, teve uma atitude firme", disseram.
Calendário
A reunião foi marcada para discutir o parecer final da CPI, previsto para o período de 15 a 20 de
março. Pelo calendário, a estrutura do documento estará definida
em duas semanas, e até o final de
fevereiro os sub-relatores apresentarão um esboço de suas conclusões. Entre 10 e 15 de março, os
sub-relatórios estarão prontos e
serão entregues para Serraglio incorporar no texto final.
A CPI possui cinco sub-relatorias: fundos de pensão, movimentação financeira, contratos, combate à corrupção e IRB (Instituto
de Resseguros do Brasil).
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