São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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LINHA VERMELHA

Red terá produtos Armani, Gap, Amex e Converse e recursos serão usados contra doença na África

Bono lança grife para combater a Aids

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

Bono, líder da banda de rock irlandesa U2, juntou American Express, Armani, Converse ( ligada à Nike) e Gap para lançar no Fórum Econômico Mundial, em Davos, uma linha de produtos que destinará parte dos lucros para combater a Aids na África. Vestindo jaqueta jeans e óculos Empório Armani côr-de-rosa, um dos artigos que a grife italiana produzirá para a Red, nova marca criada por Bono, o pop star disse que estava cansado de perder a luta contra a doença na África.
"Você se sente vitorioso aqui; pessoas legais dando tapinhas nas costas, elogiando porque fui o "homem do ano" da "Time". Na verdade, me sinto um pouco uma fraude, um perdedor entre os vencedores da neve porque não estamos ganhando a luta contra a Aids na África", disse Bono. "Não é a causa do rock star, é uma emergência: 6.500 pessoas morrem por dia na África. Populações adultas são varridas, crianças perdendo seus pais; crianças cuidando de outras crianças."
Os participantes do projeto disseram ainda não saber precisar quanto poderá ser levantado com a marca Red. Dependerá das vendas nos diferentes países.
A Amex criará um cartão vermelho, comercializado inicialmente no Reino Unido, com público-alvo estimado em 1,5 milhão de consumidores.
Segundo John Haynes, diretor de marketing da empresa, 1% de cada transação com o cartão Red irá para o projeto de Bono.
A Converse produzirá tênis com estampa criada por artesãos de vilarejos africanos, e a Gap entrará com camisetas. A Empório Armani, por sua vez, com óculos de sol, como os usados pelo vocalista, que bem-humorado e atencioso na coletiva, fez questão de ressaltar que havia comprado os seus.
"A batalha contra a Aids está sendo perdida por estarmos perdendo a habilidade de chamar sua atenção", disse Bono à platéia. "Por isso, me juntei a quem é bom nisso. Giorgio Armani dedicou uma vida de trabalho para captar a atenção das pessoas."
"Eu me convenci a participar porque é uma fórmula nova", disse o estilista. "Além de ajudar pessoas, o comércio passa a não ter uma conotação negativa. Uma pessoa comum pode comprar um artigo vermelho, em vez de verde, e se sentir participante, com a mesma qualidade." Segundo Armani, 40% dos lucros da fábrica com os produtos Red irão para o projeto.
"Não acho que o comércio seja ruim. Somos pelo comércio ético. Quero que seja bom para eles [os parceiros] para que se interessem em investir mais. Não é filantropia, estamos criando um novo conceito", disse Bono.
Quando indagado se ele não temia ser usado pelas companhias, Bono respondeu que já foi muito usado como rock star. E que custa caro usá-lo.
"Questões trabalhistas são obviamente muito sérias, mas trata-se de uma emergência. Isso vale o risco de um rock star terminar com um ovo na cara. Foi uma resposta muito dura? "
O dinheiro angariado pela Red irá para o Fundo Global contra Aids, Tuberculose e Malária.

Turnê no Brasil
Com relação à turnê, que fará no Brasil em fevereiro, Bono disse que estava muito animado com a viagem para São Paulo, e mostrou-se informado sobre o caos na venda de ingressos.


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