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Para Lula, Dilma precisa de jogo de cintura para sucedê-lo
Presidente pediu ao publicitário João Santana que orientasse ministra sobre eleições
Em conversa com dirigentes do PT paulista, Lula disse que se esforçará ao máximo para eleger em 2010 o "seu sucessor ou sucessora"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O bambolê que a cúpula do
PMDB deu de presente na última semana para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, é um episódio altamente simbólico. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tem
dito a auxiliares e aliados que,
se Dilma quiser se viabilizar como candidata à Presidência em
2010, precisará de mais jogo de
cintura na política.
Lula elogia o que considera
"alto preparo técnico" de Dilma, para usar palavras do próprio presidente. Ele está satisfeito com a dura pressão que ela
exerce sobre a máquina do governo para tocar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Mas mostra preocupação com seu "pavio curto" -esta uma expressão de um colega
dela no governo.
Dois funcionários que deixaram de trabalhar com Dilma recentemente disseram à Folha,
sob a condição de anonimato,
que é difícil a relação com a ministra no dia-a-dia. Ela daria
broncas e exigiria muito. Eles
elogiaram a ministra, mas relataram que não suportaram
continuar na Casa Civil. Afirmaram ser difícil conciliar a vida pessoal com o trabalho na
equipe dela.
Queixas
Os peemedebistas que presentearam a ministra com o
bambolê se queixam de Dilma.
Alegam que ela foi um dos principais obstáculos em 2007 aos
pedidos do partido por cargos e
verbas. Dilma freou nomeações
no setor elétrico que só agora
estão saindo, como a indicação
do senador Edison Lobão para
o Ministério de Minas e Energia. Ela exerce forte influência
na pasta, da qual já foi titular.
A Folha apurou que Lula já
pediu ao jornalista João Santana, que fez o marketing de sua
campanha presidencial em
2006, para aconselhar a Dilma
a respeito de vôos eleitorais.
Santana participa das preparações para os freqüentes balanços sobre o PAC.
Lula listou em conversas reservadas alguns requisitos para
a candidatura Dilma decolar. O
principal deles é alcançar cerca
de 15% de intenção de voto em
meados de 2009, ano em que o
presidente espera que haja forte agenda de inaugurações do
PAC, plano de investimentos
em obras de infra-estrutura e
energia coordenado por Dilma.
Esforço
Em conversa recente com dirigentes do PT paulista, Lula
disse que se esforçará ao máximo em 2010 para eleger "seu
sucessor ou sucessora", de
acordo com relato de um dos
participantes do encontro. O
presidente conversa abertamente com auxiliares sobre a
eventual candidatura de Dilma
e diz que realmente está testando o potencial da ministra.
Entre os ministros, Dilma é a
aposta preferida do presidente
para a sua sucessão. Ele, porém,
acha que hoje o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) está passos
adiante. Por ora, o cacife eleitoral dela é baixo.
Pesquisa Datafolha realizada
no final de novembro de 2007
trouxe a ministra da Casa Civil
com parcos 2% de intenção de
voto para concorrer ao Palácio
do Planalto. No cenário em que
Dilma concorreu, o governador
de São Paulo, José Serra, liderou com 38%. O segundo colocado foi Ciro (19%). Heloísa
Helena (PSOL) marcou 15%. E
Nelson Jobim, peemedebista
que é ministro da Defesa, teve
os mesmos 2% de Dilma.
No cenário em que Serra é
substituído por Aécio Neves
(PSDB), Ciro liderava com
30%, seguido de Heloísa Helena com 20%, Aécio com 15% e
Jobim com 3%. Dilma permaneceu com os mesmos 2%.
Ciro
Para Lula, Dilma terá de rebolar para se aproximar da
marca dos 15% para que o PT e
ele tenham discurso perante os
aliados a fim de justificar uma
candidatura do partido separada da dos aliados. Nas conversas com petistas e aliados, Lula
tem repetido que considera
mais competitivo uma grande
aliança com candidato só a presidente. No cenário de hoje, Ciro seria esse nome.
Mas Lula também acha que
Ciro tem uma desvantagem parecida com a Dilma: temperamento difícil. Um auxiliar direto do presidente brincou com a
Folha na última sexta-feira.
Segundo ele, se Dilma, Ciro,
Serra e Heloísa Helena forem
os candidatos principais em
2010, o Brasil elegerá um presidente de "cabeça quente", bem
diferente dos dois últimos ocupantes do Palácio do Planalto:
os moderados Lula e Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
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