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Ex-ídolo, Obama vira alvo no Fórum Social
Esquerda ataca presidente americano por descumprimento de promessas, como fechar Guantánamo
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Durou pouco a lua de mel do
presidente dos Estados Unidos
com a esquerda e movimentos
antiglobalização que se materializaram no Fórum Social
Mundial. Há menos de um ano,
na edição anterior do fórum,
em Belém (PA), Obama foi celebrado com euforia como a
grande esperança daqueles que
esperavam um líder mundial
que levasse adiante bandeiras
como justiça social, meio ambiente e o fim das guerras.
Reunidos desde segunda-feira em Porto Alegre, onde ocorre a 10ª edição do Fórum Social
Mundial, intelectuais de esquerda e movimentos sociais
não poupam críticas ao ex-ídolo que não cumpriu promessas
como fechar Guantánamo, tirar as tropas do Iraque e pressionar por um novo acordo
mundial para reduzir emissões
de gases-estufa, na conferência
do clima de Copenhague.
Se em Belém as camisas com
o presidente recém-empossado
eram disputadas, em Porto Alegre elas desapareceram.
"Todos pensaram "ele vai ser
meu presidente", mesmo sendo
brasileiros, franceses ou de
qualquer outra nacionalidade",
diz a cientista política e escritora Susan George. "Eu projetei
meus sonhos nele, como todos
projetaram", afirma.
Segundo David Harvey, professor de antropologia da City
University de Nova York, a eleição de Obama teve valor simbólico. "Mas sua relação com o
capital e Wall Street já nos avisava para não ter expectativas."
Oded Grajew, fundador do
FSM, afirma que Obama não
cumpriu suas promessas de
campanha, o que desapontou
não apenas os americanos, mas
o mundo. "Guantánamo continua, há mais tropas no Afeganistão, a democracia em Honduras não foi respeitada, Copenhague foi um fracasso", diz.
Para Oded, a desconfiança
nos EUA e "no mundo como
um todo" voltou. "Não estamos
colocando a pá de cal, mas esse
ano será o prazo fatal", afirma.
O sociólogo português Boaventura de Souza Santos é mais
pessimista. "A América Latina
não tem muitas razões para estar sossegada. Eu estou muito
inquieto", diz ele, com referência às bases americanas na Colômbia, à crise em Honduras e à
resposta ao terremoto no Haiti.
"Muito das conquistas que tivemos na década foi porque os
EUA estavam distraídos", diz.
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