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Assessora de Dilma vai definir ações de comissão da verdade
Erenice Guerra envolveu-se nas principais crises que atingiram ministra na Casa Civil
Vannuchi e responsável por direitos humanos sob FHC também integram o grupo que detalhará proposta de funcionamento da comissão
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal assessora da ministra Dilma Rousseff, a secretária-executiva da Casa Civil,
Erenice Guerra, foi nomeada
ontem presidente do grupo de
trabalho responsável por detalhar proposta de criação da polêmica comissão da verdade,
que o governo deverá encaminhar ao Congresso até abril.
A portaria com os seis integrantes do grupo será publicada hoje no "Diário Oficial da
União". O cientista político
Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos
no governo Fernando Henrique e coordenador do Núcleo
de Estudos da Violência da
USP, representa a sociedade civil. O ministro Paulo Vannuchi
será o representante da Secretaria de Direitos Humanos. Ele,
como Dilma, foi preso político
durante a ditadura.
Erenice esteve envolvida nas
principais polêmicas que atingiram Dilma na Casa Civil. Foi
a secretária quem mandou confeccionar um dossiê revelando
gastos da gestão FHC.
Ela também foi citada no caso em que a ex-secretária da
Receita Lina Vieira falou sobre
encontro que teve com Dilma
(até hoje negado pela ministra)
para supostamente tratar de
investigação sobre a família do
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP). Uma servidora do fisco confirmou que
Erenice agendou o encontro.
A comissão da verdade é um
dos pontos mais polêmicos do
3º Programa Nacional de Direitos Humanos. Editado pelo
presidente Lula em dezembro,
foi pivô de uma crise militar.
O presidente da Comissão
Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio
Barbosa Rodrigues, que integra
o grupo, afirmou que o "foco"
da futura comissão são as violações cometidas contra vítimas
da "repressão política", expressão excluída do decreto editado
pelo presidente neste mês.
O grupo criado ontem tem
até abril para elaborar projeto
de lei que terá de passar por votações no Congresso, mas o
prazo pode ser prorrogado.
Ontem à noite, antes de discursar no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o presidente Lula recebeu cobranças
sobre a investigação de crimes
ocorridos na ditadura (1964-1985). Diante de ginásio com
mais de 5.000 pessoas, Cândido Grzybowski, um dos organizadores, cobrou a criação da comissão da verdade para "botar
às claras a memória" do país.
Lula não respondeu diretamente às críticas. Disse apenas
que as divergências surgidas na
Conferência Nacional de Direitos Humanos resultaram em
um "caminho do meio".
Colaboraram GRACILIANO ROCHA , da Agência
Folha, em Porto Alegre, e ANA FLOR , enviada
especial a Porto Alegre
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