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ROMBO
Presidência considera que pacote fiscal ainda não fez efeito e que contas primárias terão superávit neste ano
Governo mantém sua previsão para 1998
da Sucursal de Brasília
Mesmo após o fracasso das previsões para 97 e anos anteriores, o
governo mantém a projeção de
um superávit nas contas neste ano
eleitoral, excluindo desse cálculo
os gastos com juros.
Oficialmente, o governo pretende obter em 98 um superávit primário de 1,5% do PIB, a mesma
meta descumprida durante o ano
passado.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou ontem que o
governo mantém a meta de superávit nas contas públicas para este
ano.
Pacote
Segundo ele, a economia brasileira em 98 vai se beneficiar das
medidas do pacote fiscal lançado
no final do ano passado para tentar debelar os efeitos da crise na
economia asiática no Brasil. "Não
deu tempo de o pacote gerar efeitos."
O porta-voz responsabilizou os
Estados pelo déficit nas contas públicas anunciado ontem pelo Banco Central.
'"Esse déficit vem sobretudo dos
Estados e das estatais", disse Amaral. '"O governo federal e as empresas públicas federais não tiveram déficit", completou, referindo-se apenas ao conceito de déficit
primário, que exclui os gastos com
juros na conta final.
O porta-voz afirmou que até as
19h de ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso não havia conversado com a equipe econômica sobre os números das
contas públicas.
Segundo Amaral, cabe ao Banco
Central dar maiores explicações
sobre o tema ao presidente.
O BC divulgou estimativas de
que o governo federal, que teve resultado zero no conceito de déficit
primário, pode ter superávit de
2,3% do PIB em 98.
Dois fatores dificultam, porém,
o cumprimento da meta fixada para este ano. O primeiro é a ameaça
de novos problemas externos que
obriguem uma nova alta dos juros
ou atrasem a queda das taxas dos
patamares atuais.
O segundo é o calendário eleitoral. Os Estados devem obter novas
receitas de privatização neste ano,
e nada impede que a maior parte
do dinheiro seja utilizada em
obras em vez de abater dívidas.
O governo federal deve ter menos condições políticas para comprimir as contas estaduais. São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os Estados
mais importantes economicamente do país, são administrados
por aliados de FHC.
A própria União sofrerá pressões pelo aumento de gastos, para
a conclusão de obras ou aumento
das despesas chamadas sociais.
Os ministérios da Fazenda e do
Planejamento, responsáveis pelas
contas públicas, não quiseram se
pronunciar ontem sobre as metas
para 98.
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