São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Confronto entre PMs e professores fere 20

Presidente de sindicato da categoria, ligado ao PT, afirmou que objetivo era "quebrar a espinha dorsal" do governo Serra, do PSDB

Manifestantes partiram para cima dos policiais, que revidaram com balas de borracha; governador estava fora, em agenda no interior


Rodrigo Coca/Fotoarena
Policial militar é carregado na avenida Giovanni Gronchi, em São Paulo, durante o confronto com professores públicos em greve

FÁBIO TAKAHASHI
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Um protesto de professores, com os objetivos de "quebrar a espinha dorsal" do governo José Serra (PSDB) e exigir aumento salarial, terminou em confronto entre a Polícia Militar e os manifestantes, com feridos dos dois lados.
No início da manifestação, a presidente da Apeoesp (o maior sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha, gritou do alto do carro de som: "Estamos aqui para quebrar a espinha dorsal desse partido e desse governador".
O confronto com a PM ocorreu quando os manifestantes se dirigiam de um dos portões do estádio do Morumbi para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Um cordão de isolamento, formado por cerca de cem PMs, impediu a passagem dos manifestantes. Nos primeiros minutos, tentaram empurrar a barreira, mas foram contidos com spray de pimenta.
A tensão aumentou, e os grevistas começaram a atirar paus, pedras, sacos de lixo, cones de trânsito e até um caixão. Foram então contra-atacados pelos PMs com bombas de efeito moral e balas de borracha.
De acordo com a PM, houve ao menos 20 feridos -dez deles policiais. Um manifestante foi levado para a delegacia por atirar pedra nos policiais e tentar colocar fogo em um carro.
O governador Serra não estava no Palácio dos Bandeirantes no momento da manifestação. Cumpria agenda no interior do Estado, onde também enfrentou protestos, mas sem violência. Uma norma estadual determina que as ruas do Palácio são área de segurança e não podem receber atos desse tipo.
Os confrontos se estenderam pelo início da noite. O primeiro embate aconteceu às 17h30, mas quase duas horas depois ainda havia focos isolados e era possível escutar bombas.
A sindicalista Maria Izabel é filiada ao PT e sua entidade é ligada à CUT, o braço sindical do partido. Na noite anterior, estava em evento com a pré-candidata petista à Presidência, ministra Dilma Rousseff.
Liderados pela Apeoesp, os professores estaduais deram início a uma greve no dia 8. Pedem reajuste salarial de 34,3%. O governo diz que o aumento desorganizaria suas finanças.
Segundo a PM, cerca de 5.000 pessoas participaram do protesto. Na versão do sindicato, foram 20 mil manifestantes.
Os professores convocaram a próxima manifestação para a quarta-feira, dia em Serra deixará o governo para se candidatar à Presidência.
A greve, diz o sindicato, conta com a adesão de mais de 60% dos professores. Para a Secretaria de Estado da Educação, o movimento não afeta mais que 1% das escolas estaduais.
Dez representantes dos professores foram recebidos no Palácio dos Bandeirantes pelos secretários-adjuntos da Casa Civil, Humberto Rodrigues, e da Educação, Guilherme Bueno. O governo disse que não negocia enquanto continuar a greve. "O que aconteceu hoje fortalece o movimento. A greve vai ser longa", disse a presidente da Apeoesp.


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