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CAMPO MINADO
Sem-terra reivindicam área de irrigação destinada a empresas
MST invade projeto federal no CE
DA AGÊNCIA FOLHA
Duzentas famílias ligadas ao
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na madrugada de ontem um
projeto de irrigação do governo
federal no interior do Ceará.
O perímetro de Tabuleiro de
Russas (180 km de Fortaleza) já
recebeu investimentos de R$ 200
milhões e está em sua fase final.
Metade dos 10.800 ha do projeto
é destinada a pequenos e médios
produtores. O restante já começou a ser licitado para empresas
privadas. É essa área que o MST
exige para a reforma agrária. Os
sem-terra acamparam em um lote de 30 ha à margem da BR-116.
O diretor do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra
as Secas) Leão Montezuma, responsável pelo projeto, negociou
ontem com os sem-terra e disse
que vai levar a reivindicação do
grupo ao Ministério da Integração Nacional e ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
Por enquanto, o Dnocs não vai
pedir a reintegração de posse da
terra, de acordo com Montezuma.
Segundo Erivando Barbosa, do
MST, as famílias não têm prazo
para sair da área. "Não é justo que
o governo federal financie projetos de irrigação a empresas, que
têm capital para se manter. Queremos as terras para a reforma
agrária, para que os pequenos tenham chance de produzir."
Outros Estados
Em Sergipe, segundo o MST,
cerca de 1.500 famílias sem terra
bloquearam, na manhã de ontem,
duas vezes a BR-101 na altura de
Cristinápolis (117 km a sudoeste
de Aracaju), com o objetivo de
chamar a atenção para a demora
na reforma agrária. Os manifestantes são do MST e do Movimento dos Pequenos Agricultores.
Em Pernambuco, cerca de 80 famílias ligadas à Fetape (Federação
dos Trabalhadores na Agricultura
de Pernambuco) montaram na
madrugada de ontem um acampamento à margem da fazenda
Monte Alegre, de 2.100 ha, em Salgueiro (530 km de Recife). A Fetape considera a área improdutiva e
reivindica sua vistoria pelo Incra.
Cerca de 200 trabalhadores rurais do Movimento Estadual de
Assentados e Acampados invadiram ontem a sede do Incra em Itabuna (BA). Acampados em quatro propriedades da região, os
sem-terra querem que o órgão garanta o assentamento de mais 20
mil trabalhadores rurais.
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