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"Tendências/Debates" homenageia centenário da imigração japonesa
Trabalhos de artistas nipônicos serão publicados de hoje até 15/6, aos domingos
UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS
FABIO MARRA
EDITOR DE ARTE
A seção "Tendências/Debates" publica a partir de hoje trabalhos de oito premiados artistas plásticos nascidos no Japão
ou de ascendência nipônica. A
iniciativa é uma homenagem
ao centenário da imigração japonesa no Brasil.
Os trabalhos serão publicados até o dia 15 de junho, sempre aos domingos. São oito semanas que "acompanharão" a
viagem do Kasato Maru, navio
que, há cem anos, zarpou do Japão rumo ao Brasil trazendo
aqueles que seriam considerados os primeiros imigrantes japoneses na lavoura brasileira.
O Kasato Maru partiu de Kobe no dia 28/4/1908 e chegou
ao porto de Santos no dia 18/6
do mesmo ano. A viagem de
quase dois meses seria repetida
muitas vezes. Mais de meio século após a primeira jornada, o
artista Kazuo Wakabayashi
deixou o Japão num navio com
cerca de 550 conterrâneos.
"No dia da partida, a gente
nunca pensa que vai pisar na
terra do Japão outra vez. O Brasil é do outro lado do globo",
afirma Wakabayashi, 76. Nascido na mesma Kobe de onde
partiu o primeiro navio, veio
para o Brasil em 1961. "A viagem é cheia de esperança, mas a
realidade é muito difícil. A gente chega e não conhece ninguém", afirma.
Wakabayashi trabalhava no
Japão como artista e jornalista,
mas queria se dedicar exclusivamente à primeira ocupação.
Não encontrou ambiente propício em sua terra, "ainda arrasada pela Segunda Guerra", e
resolveu arriscar do outro lado
do mundo. "Nunca pensei que
daria para viver só de pintura,
mas realizei meu sonho", diz.
O artista afirma que o ambiente artístico brasileiro sempre foi muito aberto e receptivo, melhor que o japonês: "Fiquei emocionado quando cheguei". Ele escolheu o Brasil porque aqui existia uma mostra internacional, a Bienal. Em 1963,
Wakabayashi participou dessa
e de outras exposições, recebendo seus primeiros prêmios.
Homenagem
Além dele, outros quatro japoneses radicados no Brasil terão seus trabalhos publicados
em "Tendências/Debates".
A edição de hoje traz trabalho de Yutaka Toyota, que ostenta, entre outras, medalha
concedida pelo imperador do
Japão. Nascido em Yamagata
em 1931, vive no Brasil desde
1958 -e ainda tem muita dificuldade para falar português.
Seu filho ajuda na comunicação
em terras "estrangeiras".
A homenagem também terá
trabalhos dos japoneses Kenichi Kaneko (Yokohama, 1935;
chegou ao Brasil em 1960), Fumi Tagiku (Niigata, 1940; Brasil, 1960) e Iwao Nakajima
(Gumma, 1934; Brasil, 1956).
Três descendentes de japoneses completam a homenagem ao centenário da imigração. Taro Kaneko, nascido em
Gália (1953), Ademar Shimabukuru, natural de Campinas
(1962), e Milton Takada, de Bilac (1954). As três cidades são
do interior de São Paulo.
Shimabukuru, o artista mais
novo entre os oito, afirma que
toda arte ocidental tem um cunho oriental e considera que o
contato e a relação com a obra
japonesa são fundamentais.
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