São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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"Tendências/Debates" homenageia centenário da imigração japonesa

Trabalhos de artistas nipônicos serão publicados de hoje até 15/6, aos domingos

UIRÁ MACHADO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS

FABIO MARRA
EDITOR DE ARTE

A seção "Tendências/Debates" publica a partir de hoje trabalhos de oito premiados artistas plásticos nascidos no Japão ou de ascendência nipônica. A iniciativa é uma homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil.
Os trabalhos serão publicados até o dia 15 de junho, sempre aos domingos. São oito semanas que "acompanharão" a viagem do Kasato Maru, navio que, há cem anos, zarpou do Japão rumo ao Brasil trazendo aqueles que seriam considerados os primeiros imigrantes japoneses na lavoura brasileira.
O Kasato Maru partiu de Kobe no dia 28/4/1908 e chegou ao porto de Santos no dia 18/6 do mesmo ano. A viagem de quase dois meses seria repetida muitas vezes. Mais de meio século após a primeira jornada, o artista Kazuo Wakabayashi deixou o Japão num navio com cerca de 550 conterrâneos.
"No dia da partida, a gente nunca pensa que vai pisar na terra do Japão outra vez. O Brasil é do outro lado do globo", afirma Wakabayashi, 76. Nascido na mesma Kobe de onde partiu o primeiro navio, veio para o Brasil em 1961. "A viagem é cheia de esperança, mas a realidade é muito difícil. A gente chega e não conhece ninguém", afirma.
Wakabayashi trabalhava no Japão como artista e jornalista, mas queria se dedicar exclusivamente à primeira ocupação. Não encontrou ambiente propício em sua terra, "ainda arrasada pela Segunda Guerra", e resolveu arriscar do outro lado do mundo. "Nunca pensei que daria para viver só de pintura, mas realizei meu sonho", diz.
O artista afirma que o ambiente artístico brasileiro sempre foi muito aberto e receptivo, melhor que o japonês: "Fiquei emocionado quando cheguei". Ele escolheu o Brasil porque aqui existia uma mostra internacional, a Bienal. Em 1963, Wakabayashi participou dessa e de outras exposições, recebendo seus primeiros prêmios.

Homenagem
Além dele, outros quatro japoneses radicados no Brasil terão seus trabalhos publicados em "Tendências/Debates".
A edição de hoje traz trabalho de Yutaka Toyota, que ostenta, entre outras, medalha concedida pelo imperador do Japão. Nascido em Yamagata em 1931, vive no Brasil desde 1958 -e ainda tem muita dificuldade para falar português. Seu filho ajuda na comunicação em terras "estrangeiras".
A homenagem também terá trabalhos dos japoneses Kenichi Kaneko (Yokohama, 1935; chegou ao Brasil em 1960), Fumi Tagiku (Niigata, 1940; Brasil, 1960) e Iwao Nakajima (Gumma, 1934; Brasil, 1956).
Três descendentes de japoneses completam a homenagem ao centenário da imigração. Taro Kaneko, nascido em Gália (1953), Ademar Shimabukuru, natural de Campinas (1962), e Milton Takada, de Bilac (1954). As três cidades são do interior de São Paulo.
Shimabukuru, o artista mais novo entre os oito, afirma que toda arte ocidental tem um cunho oriental e considera que o contato e a relação com a obra japonesa são fundamentais.


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