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Governo exclui oposição de plano de internet sem fio
Dos 163 municípios escolhidos por ministério, 61 têm prefeitos do PMDB e 36, do PT
Pasta das Comunicações diz que o critério não é político; investimento previsto é de R$ 100 milhões, mas não há prazo para implementação
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério das Comunicações lançou edital de licitação
para levar internet sem fio gratuita a 163 cidades. Na lista dos
municípios que serão beneficiados com os investimentos
federais estão 61 prefeituras do
PMDB e 36 do PT, e o restante
está distribuído entre os partidos da base aliada.
Os dois grandes partidos de
oposição, PSDB e DEM, que,
administram 1.390 municípios,
foram praticamente ignorados.
A única prefeitura tucana na
listagem é Divinópolis (MG),
enquanto Fernandópolis (SP) é
a única do Democratas.
O ministério é comandado
pelo PMDB. O atual ministro,
José Arthur Filardi, é homem
de confiança do ex-ministro
Hélio Costa, que deve disputar
o governo de Minas Gerais em
aliança com o PT.
A pasta prevê gastar R$ 100
milhões na implantação dos
163 projetos. O leilão para seleção da empresa (ou consórcio)
que vai fornecer os sistemas,
está previsto para o dia 12 de
maio, mas o edital não estabelece prazo nem cronograma para a implantação dos projetos.
Hélio Costa tentou lançar esse projeto em 2008, mas a licitação não foi adiante porque o
Tribunal de Contas da União
determinou mudanças no edital. O relançamento, a dois meses do início da campanha eleitoral, apanhou de surpresa até
as prefeituras incluídas na lista.
Fornecedores de equipamentos avaliam que o projeto
está desconectado com o Plano
Nacional de Banda Larga, que
está em estudo no governo Lula
e que se propõe a massificar o
acesso à internet no interior.
Edital vago
O edital, publicado na terça-feira passada, é vago quanto ao
critério de escolha. Diz que serão atendidas, preferencialmente, ""localidades com características sociais, econômicas e
culturais voltadas para o turismo, para a polarização de negócios e para o ensino".
Murici (AL), cujo prefeito é
filho do senador Renan Calheiros (PMDB), foi incluída. Três
das cinco cidades de Alagoas
que terão internet pública grátis são gerenciadas pelo PMDB.
Minas, reduto eleitoral de
Hélio Costa, terá o maior número de cidades digitais (17),
seguida de São Paulo (13), Rio
Grande do Sul (11) e Bahia (10).
Em Goiás, o PMDB tem cinco
das seis cidades escolhidas.
Também são do PMDB as quatro selecionadas no ES e sete
das 17 de Minas. O PT tem seis
das dez cidades da Bahia.
Em São Paulo, serão beneficiadas Andradina, Hortolândia,
Patrocínio Paulista, Diadema e
Várzea Paulista (todas do PT);
Arujá (PR), Terra Roxa e Bady
Bassit (PMDB), Peruíbe (PSB),
Regente Feijó (PTB), Mogi
Guaçu e Piracaia (PV) e Fernandópolis (DEM).
O prefeito de Fernandópolis,
Luiz Vilar, do DEM, admitiu
que buscou apoio do PT para
incluir sua cidade no projeto.
Embora o critério para a escolha das cidades seja o mesmo
do edital de 2008, cidades que
constavam da lista anterior foram excluídas, o que aumentou
suspeitas de que o critério foi
político. O ministério nega.
Guarda Mor (MG), está entre
as excluídas. O prefeito, Gilmar
Ferreira do Santos, do PMDB,
está dividido entre apoiar Costa ou o tucano Antonio Anastasia para governador. "Meu partido é Guarda Mor", afirma.
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