São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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15 PMs são julgados hoje no caso Carajás

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O julgamento dos policiais militares envolvidos na morte de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás recomeça hoje, em Belém (PA), com quatro sargentos e 11 tenentes no banco dos réus.
O julgamento deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça do Pará. O Ministério Público considera que os subcomandantes foram co-autores dos homicídios durante confronto entre PMs e sem-terra na desobstrução da rodovia PA-150, em 17 de abril de 1996, no sul do Pará.
Essa será a terceira sessão do julgamento. Dois oficiais já foram condenados por homicídio qualificado neste mês no caso Carajás.
O coronel Mário Pantoja, que comandava a tropa de Marabá (PA), pegou 228 anos de prisão. O major José Maria Oliveira, oficial dos PMs vindos de Parauapebas (PA), foi condenado a 158 anos. Ambos recorrerão em liberdade. O outro comandante de Marabá, capitão Raimundo Almendra Lameira, foi absolvido.
No início da sessão, os advogados de defesa dos subcomandantes tentarão desmembrar o julgamento para que apenas seis dos 15 acusados sejam julgados hoje. Nesse caso, a Justiça teria de marcar nova data para os outros nove PMs. A alegação é que eles teriam participado de tropa distintas.
Os advogados de defesa sustentarão a tese de que os 15 policiais não dispararam os tiros diretamente contra os sem-terra. "Eles disparam para o alto", disse o advogado de defesa, Arthemio Leal.
Os promotores de acusação afirmarão que os subcomandantes foram responsáveis pela operação. A Promotoria vai utilizar laudos e depoimentos de três peritos do Instituto Renato Chaves, de Belém, para comprovar a participação dos policiais.
O juiz Roberto Moura incluiu na última sexta a testemunha de acusação Valderes Tavares da Silva, que disse à Justiça estar sendo seguido e ameaçado de morte em Redenção (PA), no Plano de Proteção à Testemunhas do Pará. Silva era o motorista que conduziu a tropa para o local do confronto.
Ele confirmou ter presenciado a conversa de três policiais conhecidos por Parga, Arruda e Pinho antes da ação. Na conversa, os PMs teriam afirmado que iriam para o confronto "para matar".


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