São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Geografia

Depois da China, o México. O encontro da América Latina com a Europa, em Guadalajara, é tema para uma série do "El País" sobre "as grandes economias", caso do Brasil, ontem.
O jornal espanhol disse que Lula viaja ao México direto da China, onde "os vários acordos fechados foram descritos pelos dois países como exemplo da nova geografia econômico-comercial".
É a imagem da "nova geografia" que o Brasil leva a Guadalajara -a partir de amanhã.
Por outro lado, nos sites do "New York Times" e outros, a agência AP noticiou o encontro no México e sublinhou opinião da chancelaria brasileira -de que as "relações fortalecidas de América Latina e Europa não se traduzem necessariamente num contrapeso à influência dominante dos EUA, como sugerem alguns".
 
A Globo On Line tratou da nova viagem já na cobertura da China, que ontem se voltou em grande parte às relações do Brasil com EUA e União Européia.
Uma entrevista coletiva de Lula alimentou emissoras e sites como BBC Brasil, que publicou trechos. Por exemplo, de Lula:
- Eu tenho a consciência da importância dos EUA na relação conosco. Nossa relação com o mundo desenvolvido, por já ser muito forte, vai ficando limitada do ponto de vista comercial. Parto do pressuposto de que, quanto mais o Brasil pulverizar, mais chances teremos de fazer com que os ricos se abram.
Manchete da Globo.com:
- Lula diz que Brasil trata EUA e UE com carinho que merecem.
 
A tal "nova geografia" está por todo lado, até numa conversa de Danielle Mitterrand com Gilberto Gil relatada no "El País". Falando a Lula num encontro sobre fome, Wen Jibao, o primeiro-ministro chinês, saiu dizendo:
- Os países desenvolvidos têm a obrigação e a responsabilidade de proporcionar mais ajuda aos países em desenvolvimento.
E Lula, na seqüência:
- Não é possível que as vacas em alguns países desenvolvidos tenham US$ 2 de subsídio diário enquanto metade da população mundial vive com menos.

O "NYT" E A GUERRA

editorandpublisher/Reprodução
Ilustração de reportagem de site sobre o "NYT"


Do "Washington Post" ao "Editor & Publisher", colunas e sites dos EUA tripudiam a nota do "New York Times" sobre sua própria cobertura das armas de destruição em massa (leia mais à pág. A13). A Slate fala que o "NYT" só fez correções "depois de gastar o seu doce tempo", quase dois anos após o primeiro texto. O Democracy Now diz que as reportagens "falsas" de Judith Miller, que fez a maioria, "foram chaves para justificar a guerra". Outro sublinhou que Miller nem foi citada na nota.
Bill Keller, editor do "NYT", num e-mail à redação que foi reproduzido no site de mídia Poynter.org, se explicou:
- A nota não é uma tentativa de achar bode expiatório... Ela não vai satisfazer nossos críticos, mas não foi escrita para eles. É uma tentativa de acertar fatos, o que fazemos como ponto de honra. Para os que imaginam qual é o próximo capítulo, ele é: nós continuamos fazendo jornalismo.
O final se refere ao caso Jayson Blair e à queda de Howell Raines, editor anterior. A nota do "NYT" insinuou que a culpa é dele. E Raines, no mesmo Poynter.org, respondeu:
- Não concordo que os problemas com as reportagens tenham ocorrido porque alguns se sentiram pressionados a obter furos... Da minha parte, em 25 anos no "Times", eu nunca pus nada no jornal que não acreditasse estar pronto.

China na OEA
A agência Xinhua entrou ontem à noite com despacho destacando que "a Organização dos Estados Americanos aceitou formalmente a China como um observador permanente".

Pressões
Em reportagem com o título "EUA questionam as táticas do Brasil nas conversas comerciais", a "Forbes" reproduz crítica de "um funcionário americano":
- O Mercosul parece querer mais dos Estados Unidos do que da União Européia, mas parece estar oferecendo menos.

Um só dado
O "Financial Times" noticiou que "temores com o mercado de trabalho enfraquecem reativação econômica do Brasil".
Mas Lula, ao que parece, não quer nem ver o desemprego. Dele, ainda na China, aos sites:
- Eu só queria dar um dado. De janeiro a abril, foram criados 534 mil novos empregos. É o maior desde 1992. Estou falando do maior dos últimos 12 anos.

Abusos parecidos
A Folha On Line entrevistou o pesquisador do Brasil na Anistia Internacional -e o UOL deu em manchete a opinião dele de que "os abusos dos EUA e Brasil são parecidos: tortura, mortes ilegais, condições de detenção".
Na Jovem Pan, o pesquisador ressaltou "a violência da polícia nas grandes cidades".

Movimento
No despacho da agência AP com as críticas da Anistia aos EUA, reproduzido em jornais do mundo todo, a secretária-geral da entidade, Irene Khan, disse ter se emocionado com "os milhões que foram às ruas contra a guerra do Iraque" e com "o Fórum Social Mundial no Brasil":
- Esses são sinais reais de um movimento global por justiça.

Temores
A agência Knight Rider, da maior cadeia de jornais dos EUA, entrou à noite informando que "o Brasil tentou acalmar temores" ontem, dizendo que "não tomou decisão" quanto a vender urânio.


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