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Suplicy diz que sentiu desgosto com governo
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de chorar ao assinar o
requerimento da CPI dos Correios anteontem à noite, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que sua decisão de incluir o
nome na lista foi tomada com base no desgosto que sentiu com as
notícias de recente ação fisiológica do governo -liberação de verbas em troca de retirada de nome.
Além disso, recomendou ao governo Luiz Inácio Lula da Silva
atuação mais transparente. Suplicy passou o dia em sua casa em
São Paulo recebendo manifestações de apoio. Disse que se submeterá à possível retaliação do
PT, que pode vetar sua candidatura à reeleição ao Senado em 2006.
Para ele, o PT nunca esteve "tão
longe do sentimento do povo" e,
com isso, corre o risco de trilhar o
rumo do PMDB e ficar com a pecha do fisiologismo.
Folha - O sr. acha que tomou a decisão certa ao assinar o pedido de
CPI? O partido errou ao recomendar que petistas não assinassem?
Eduardo Suplicy - A minha decisão é consistente com o que é melhor para o presidente Lula e o governo. Detectei que nunca a direção nacional esteve tão distante
daquilo que percebi ser a decisão
de bom senso, que mais condizia
com o sentimento do povo. Fiquei
cada vez mais convencido pelas
notícias de que havia liberação de
verbas para convencer parlamentares, o que sempre criticamos.
Folha - O senhor disse que o PT está longe da vontade do povo. E o
governo?
Suplicy - Cada voto no Parlamento deve ser em função do que
consideramos o melhor para o interesse público. Não podemos tomar decisões em função de designação de pessoas indicadas por
parlamentares para cargos ou
verbas que forem liberadas.
Folha - O fisiologismo...
Suplicy - Em jantar na Embaixada da China, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) comentava como diversos senadores haviam
obtido compromissos de indicação de pessoas para cargos e como o governo atrasava, citando
vários casos de forma engraçada,
jocosa. Os senadores Cristovam
Buarque (PT-DF) e Serys Slhessarenko (PT-MT) comentaram comigo como nem sabíamos disso!
Folha - O sr. se espantou?
Suplicy - [pausa] Sinceramente,
pensei que essas coisas não são o
que poderíamos considerar normais. Gostaria de poder ver o governo se posicionando de maneira transparente para os senadores
que dizem que só aprovam algo
com indicação para um cargo.
Folha - O sr. teme punição do PT?
Suplicy - Não foi fechada a questão pela Direção Nacional, portanto não há sanção prevista no
estatuto. Estou consciente de que
meus companheiros podem querer escolher outro candidato ao
Senado. Precisarei me submeter a
isso. Sei que estão bravos comigo.
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