São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Renan planeja defesa para terça-feira

Para o presidente do Senado, o lobista Cláudio Gontijo, que pagou despesas pessoais suas, estava fazendo favor de amigo

Senador do PMDB deve utilizar o argumento de que um assunto de natureza pessoal foi utilizado para atingi-lo politicamente

KENNEDY ALENCAR
FERNANDA KRAKOVICS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pretende fazer um discurso, na próxima terça-feira, para explicar por que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, fazia pagamentos de despesas pessoais suas.
O lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, teria destinado à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha, a quantia mensal de R$ 16,5 mil entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006. O dinheiro pagava despesas da filha e o aluguel de um apartamento. Renan deve dizer que é amigo de Gontijo há mais de 20 anos e, como o lobista também conhecia a jornalista, pedia que ele entregasse o dinheiro a ela.
A estratégia foi definida ontem em reunião de Renan com os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), que é líder do governo, José Sarney (PMDB-AP) e o ex-senador Luiz Otávio. O encontro foi na residência oficial do Senado e durou cerca de três horas.
Já está marcada para quarta uma reunião do Conselho de Ética do Senado. Segundo integrantes do conselho, a situação de Renan deverá ser discutida.

Defesa jurídica
Do ponto de vista jurídico, advogados afirmam que o segredo de justiça do processo de pensão alimentícia movido por Mônica Veloso seria argumento suficiente para Renan não se manifestar, inclusive sobre a relação com o lobista. Politicamente, porém, a situação de Renan é complicada.
Um dos pontos principais da defesa seria mostrar a legalidade dos recursos. Na esfera pessoal, Renan crê que o acordo realizado na sexta na Justiça para pagamento de pensão de R$ 7.000 por mês à filha evitará eventuais manifestações públicas hostis de Mônica.
Em nota divulgada na sexta, Renan disse que nunca teve gasto pessoal custeado por terceiros. "Meus compromissos sempre foram honrados com meus próprios recursos."

Defesa política
Renan tem sido aconselhado a não mentir. Se apresentar versão inconsistente, poderá cometer quebra de decoro e ter ameaçada a permanência na presidência do Senado.
O clima no Congresso é de expectativa. Senadores são cautelosos, mas afirmam que Renan ainda deve explicações. "Esse assunto não pode ser tratado com leviandade. Ele deve explicações, mas não vou botar lenha nessa fogueira", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA).
Na avaliação do grupo de Renan, ele deve insistir no argumento de que um assunto de natureza pessoal foi usado para atingi-lo politicamente. Assim, busca criar uma corrente de solidariedade, pelo temor de que outros senadores pudessem ser alvos no futuro. Daí a chance de prevalecer o argumento de que tudo é segredo de justiça.
Em telefonemas, Renan insinua que haveria interesse do PT em enfraquecê-lo politicamente e, por conseqüência, o PMDB. Os dois partidos travam disputa por espaço no segundo escalão do governo Lula.
Ao levantar a tese de estremecimento entre PT e PMDB, Renan busca constranger o governo e o ministro Tarso Genro (Justiça). Desde o início da Operação Navalha, que derrubou Silas Rondeau da pasta de Minas e Energia, Renan e Sarney estimulam a versão de uso político da PF. Tarso nega.


Texto Anterior: Sinop tem 103 mil pessoas sem rede de esgoto
Próximo Texto: Jornalista atuou em campanha para Roseana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.