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Contabilidade de consultor aponta cheque a "Paulinho"
Segundo a Polícia Federal, trata-se de referência ao deputado Paulo Pereira da Silva
Cheque de R$ 18,4 mil foi
emitido dias depois do início
da liberação de empréstimo
de R$ 124 milhões tomado
por prefeitura no BNDES
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um documento da contabilidade da empresa de consultoria
Progus, de Marcos Vieira Mantovani, preso pela Operação
Santa Tereza, indica que o pagamento de um cheque de R$
18.397,50 da boate WE foi feito
a "Paulinho", que, segundo a
Polícia Federal, é o deputado
federal Paulo Pereira da Silva
(PDT-SP). O nome foi escrito, e
rasurado a caneta, ao lado da
expressão "Praia Grande", numa ficha de controle de cheques em poder da Progus.
Por meio de seu advogado,
Antonio Rosella, o parlamentar
voltou a negar ontem ter recebido qualquer pagamento da
Progus ou de Mantovani (leia
texto à pág. A5).
A emissão do cheque ocorreu
dias após a liberação da primeira parcela do empréstimo de
R$ 124 milhões tomado pela
Prefeitura de Praia Grande
(SP) no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Conforme revelou a Folha em 1º de maio, o
cheque é um dos principais indícios contra o parlamentar.
Um possível pedido para abertura de um inquérito sobre a
conduta do deputado, a tramitar no STF (Supremo Tribunal
Federal), está sendo analisado
pela Procuradoria Geral da República, em Brasília.
Além de "Paulinho", outro
cheque de R$ 18,3 mil deveria
ser pago, segundo o controle
interno da Progus, para "Ricardo Tosto", que é advogado da
Força Sindical, presidida por
Paulinho, e membro do conselho de Administração do
BNDES, afastado quando do
início da Operação Santa Tereza, no final de abril passado.
Tosto tem afirmado, por meio
de sua assessoria, que Mantovani era seu cliente, e eventuais
pagamentos feitos por ele seriam relacionados a essa "relação cliente-advogado".
Os dois cheques foram emitidos pela casa de prostituição
WE, localizada nos Jardins, em
São Paulo, e depositados na
conta de Mantovani. A PF acredita que o consultor emitiu outros cheques ou fez saques em
dinheiro para dar o destino final aos dois pagamentos.
Em ambos os casos, além do
registro na contabilidade da
Progus, há outras duas evidências sobre os pagamentos: papéis grampeados em cada cheque, com as inscrições "RT" e
"PA", e uma conversa eletrônica mantida entre Mantovani e
sua filha, Carol, que o ajuda na
empresa, divulgada pelo "O
Globo" na última sexta-feira.
A PF apreendeu no computador de Mantovani a cópia de
um diálogo no programa MSN
durante o qual Carol pede
orientações sobre o depósito
dos dois cheques. "Um é para o
Ricardo Tosto e o outro é pra
quem? Vou fazer aquela planilha de controle", escreveu a
ajudante de Mantovani. Ele
respondeu: "pa", em letras minúsculas. Carol não entendeu o
código ("pa?"), e o consultor esclareceu: "Paulinho".
A PF, em relatório entregue
na semana passada à Justiça
Federal, concluiu não ter dúvidas de que os pagamentos têm
relação com o empréstimo feito pelo BNDES à Prefeitura de
Praia Grande.
"As cópias dos cheques elencados acima (originais já apensados ao processo) correspondem à 1ª parcela liberada pelo
BNDES para a Prefeitura de
Praia Grande. O dinheiro "saiu"
da [empreiteira] Termaq, através de "nota fiscal de prestação
de serviços-Progus", foi depositado na casa WE (Original WE
Bar e Restaurante Ltda.) e posteriormente repassado para:
Progus; Impostos; Ricardo
Tosto - "RT", e Paulo Pereira da
Silva - "PA'", descreveu o relatório da PF que analisou os documentos apreendidos em 18
endereços diferentes.
Neste relatório a PF também
afirmou que "ficou clara" a participação do congressista na
"organização criminosa".
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