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Preços não caíram com fim da CPMF, diz Lula
Presidente afirma que sua política econômica não é só continuidade e elogia "empresários que não tiveram medo do Lula'
Em evento no Rio, petista diz que o Brasil está em um "caminho sustentável" e fez críticas ao protecionismo dos países desenvolvidos
JANAINA LAGE
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem a queda nos preços em razão do fim
da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ele criticou o fim do
imposto do cheque e afirmou
que a perda na arrecadação, estimada em R$ 40 bilhões/ano,
prejudicou o PAC da Saúde.
"Não vi nenhum produto reduzir de preço depois que acabou a CPMF, me parece que
não foi passado para o custo do
produto os 0,38%. Parece que
aumentou apenas nos ganhos
daqueles que pagavam CPMF
porque muita gente ainda teima em acreditar que o Estado
tem que ser fraco", afirmou, em
discurso no 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no Rio.
De acordo com o presidente,
o Estado fraco não governa e
prejudica os mais pobres. Segundo ele, essa parcela da população não é organizada para
reclamar, não vai a Brasília
nem faz lobby e é a que mais depende de políticas públicas.
O presidente destacou os esforços do governo para dinamizar a economia com as obras do
PAC e a nova política industrial, mas disse que diversos
itens dependem agora do Congresso, como o projeto de
emenda da reforma tributária.
"Cabe agora a congressistas,
governadores e prefeitos e a
agentes econômicos e sociais
fazerem a sua parte e mudarem
a rotina do calendário em ano
eleitoral", disse. Citou ainda a
necessidade de aprovação das
mudanças na lei das licitações e
no novo sistema brasileiro de
defesa da concorrência.
Crescimento
Lula rebateu as críticas de
que a política econômica atual
representa só a continuidade
da adotada no governo anterior
e que o país tem sido beneficiado pelo cenário internacional.
Segundo ele, a sorte não teria
sido suficiente para colocar o
país no patamar atual. Lula
afirmou que a economia cresce
a um ritmo de 5% ao ano e que o
país está num "caminho sustentável"-crescimento acompanhado de inclusão social.
Para o presidente, o momento atual da economia foi sonhado por muitos. "Os empresários
que acreditaram na economia
brasileira e fizeram investimentos, os empresários que
não tiveram medo do Lula e
não fugiram para Miami", disse, em referência a uma declaração do ex-presidente da
Fiesp Mário Amato que, em
1989 afirmara que, se Lula fosse
eleito presidente, 800 mil empresários deixariam o país em
direção à cidade dos EUA.
Protecionismo
Para Lula, a geografia mundial está em processo de mudança, o que deve beneficiar os
países emergentes. "Vários países em desenvolvimento estão
crescendo a um ritmo mais vigoroso do que as economias
tradicionais. Com isso, o elevador social começa a funcionar."
Neste cenário, num futuro
próximo, as economias emergentes deverão se tornar responsáveis por metade da taxa
de crescimento da economia
mundial, segundo Lula.
"Os subsídios e o protecionismo agrícola que semeiam
obstáculos no caminho da Rodada Doha são também os principais fatores que estimulam a
inflação mundial dos alimentos. (...) A barreira protecionista é um muro de indiferença
que as nações desenvolvidas erguem para perpetuar a miséria
nas nações pobres", disse.
Lula comparou os países desenvolvidos, como Suécia, à casa de um recém-casado que voltou de lua-de-mel, em que tudo
está no lugar. "O Brasil é uma
casa de um casal que já tem dez
filhos que brigam entre si."
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