|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Índios invadem Funasa em Cuiabá e fazem dois reféns
Etnias irantxe e mynky reclamam de atraso no repasse de verbas para a sua região
Funasa reconhece demora na entrega do dinheiro, mas afirma que ONG demorou a apresentar a prestação de contas do repasse anterior
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Cerca de 70 índios das etnias
irantxe e mynky invadiram ontem a sede da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), em
Cuiabá. O atendimento foi suspenso. Dois funcionários foram
impedidos de sair. Até o fechamento desta edição, eram mantidos reféns dentro do prédio.
Os índios reclamam de um
atraso de cinco meses no repasse de verbas para a ONG encarregada do atendimento à saúde
indígena na região de Brasnorte (MT). "A situação está muito
complicada, pois não há mais
dinheiro para o atendimento.
Já faltam medicamentos e
meios de transporte para os
doentes. Decidimos agir antes
que nossos filhos comecem a
morrer por falta de atendimento", disse Gerson Nãpuli, uma
das lideranças da etnia irantxe.
Um dos funcionários mantidos na sede é o chefe do Distrito
Sanitário Especial Indígena de
Cuiabá, Paulo Félix Almeida.
Outro é o assistente técnico
Alírio Guimarães. A Folha esteve no local e, sob escolta de
índios pintados e armados com
bordunas, arcos e flechas, foi
autorizada a entrar no prédio.
Almeida reconheceu e justificou a demora no repasse da
16ª parcela do convênio (R$
887.101,00), iniciado em 2004
com a ONG Opan (Operação
Amazônia Nativa). Segundo
ele, a entidade demorou a apresentar a prestação de contas referente a um repasse anterior e
atrasou o processo: "A parcela
em questão teria de sair em janeiro, mas a prestação do repasse anterior foi entregue em
janeiro". Outro problema foi a
demora do Congresso para
aprovar o Orçamento da União.
Até janeiro de 2004, as ações
de saúde indígena eram definidas pelas ONGs conveniadas,
por meio de repasses de verbas
da União. Desde então, por
conta de denúncias de desvio
de dinheiro, a gestão foi centralizada pela Funasa, que passou
a comprar medicamentos.
O diretor da Opan, Fernando
Penna, negou a demora na
prestação de contas. O que
houve, disse, foi que a parcela
anterior chegou com atraso: "A
parcela que deveria ter chegado em agosto só foi liberada em
novembro, e não podemos
prestar contas enquanto o recurso não é inteiramente gasto.
Este foi o motivo de a prestação
ter sido entregue em janeiro".
Em Mato Grosso do Sul, índios terena que exigem uma
área de 400 hectares hoje ocupada por fazendeiros fizeram
dois funcionários da Funai reféns em uma aldeia de Miranda
(MS). Eles já foram soltos.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Raposa/Serra do Sol: Presidente do STF aponta ausência do estado na área Índice
|