São Paulo, sexta, 27 de junho de 1997.



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PRIVATIZAÇÃO
Compra de estatal não altera o ranking dos bancos brasileiros
Itaú compra o Banerj por R$ 311 mi e ágio de 0,35%

da Sucursal do Rio

O Banco Itaú comprou ontem o Banco Banerj S.A. por R$ 311,1 milhões, em leilão na Bolsa de Valores do Rio. Foi a primeira privatização de um banco estadual no Brasil. Para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, a venda será exemplo para outras privatizações.
O Itaú foi o único a apresentar proposta, e o preço foi 0,35% acima do mínimo de R$ 310 milhões. Mas o comprador gastou apenas cerca de R$ 160 milhões para fechar o negócio.
Isso porque o pagamento será feito com "moedas podres" (títulos de dívidas públicas). E os papéis são negociados no mercado com um desconto médio de 50% sobre seu valor original.
Cumprindo as normas que regem o negócio, o Itaú manterá a marca Banerj por, no mínimo, dois anos. O Banerj continuará recebendo o pagamento de impostos e contas estaduais e servindo de caixa para pagar salários do funcionalismo.
Nada mudará para os 1,7 milhão de correntistas do Banerj.
Para realizar a privatização, o antigo Banerj foi dividido em dois: o Banco do Estado do Rio de Janeiro, que ficou com as dívidas e está em liquidação, e o Banco Banerj S.A., que foi vendido ontem.
O pagamento do negócio está condicionado à aprovação, pela Assembléia Legislativa, de um projeto do Executivo definindo as regras de uso do empréstimo de R$ 3,088 bilhões feito pela CEF (Caixa Econômica Federal) ao Estado.
Esse empréstimo só poderá ser usado para pagar dívidas do Banerj com o fundo de pensão dos funcionários (Previ-Banerj) e outros débitos do banco.
Segundo o secretário estadual da Fazenda do Rio, Marco Aurélio Alencar, o projeto seria encaminhado ontem para a Assembléia.
A expectativa do Itaú é que até meados de julho o banco assuma a administração do Banerj.
O leilão do Banerj foi realizado na modalidade de entrega de envelopes fechados pelos candidatos e durou apenas três minutos, de 14h39 a 14h42. O representante do Itaú entregou a proposta no último segundo antes do fim do prazo.
Dos quatro pré-identificados para o leilão, apenas o Itaú, representado por sua própria corretora, e o Banco Pactual, representado pela corretora Ativa, foram ao pregão da Bolsa do Rio. Bradesco e BCN não mandaram representantes.
Lázaro Brandão, presidente do Bradesco, disse que "o banco reavaliou e achou que não valia a pena. Não perde o primeiro lugar. O Itaú encosta. Será uma boa briga".
A privatização não muda o atual ranking dos bancos no país.
O Banerj foi privatizado após duas tentativas frustradas em dezembro de 96 e depois de uma espera de nove dias, iniciada no último dia 17. Desde esse dia, a Bolsa do Rio ficou de prontidão, a um custo aproximado de R$ 65 mil por dia útil, esperando soluções para obstáculos jurídicos e para o empréstimo da CEF, que dependia de aprovação do Senado.
Os empregados do Banerj, que há duas semanas iniciaram uma batalha de liminares e manifestações de rua contra o leilão, ontem fizeram apenas greve em algumas agências e uma pequena concentração em frente à Assembléia.
As ações do tipo ON (Ordinária Nominativa) do Banco Itaú fecharam ontem com baixa de 6,8% na Bolsa paulista. O papel foi o segundo mais negociado no dia. Movimentou R$ 138 milhões.
As ações do tipo ON são as que dão direito a voto. A queda de 6,8% deve ser vista com cautela. Isso porque nas últimas semanas a ação teve expressiva valorização. O preço de fechamento de ontem ainda é 8,5% maior que o do dia 13.


Colaborou a Reportagem Local



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