São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2001

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SECA

Eles pedem ação do governo

Agricultores fecham rodovia em protesto

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Trabalhadores rurais bloquearam ontem a rodovia BR-222 -uma das principais vias de acesso do Ceará ao Piauí- para exigir do governo providências no combate à seca.
O protesto aconteceu em um trecho da rodovia entre os municípios de Irauçuba e Itapagé, a cerca de 160 quilômetros de Fortaleza (CE). Por volta das 7h30, os agricultores interditaram a estrada utilizando pedras e toras de madeira. Eles só permitiram que ambulâncias, veículos a serviço de hospitais e carros de passeio transportando pessoas doentes passassem pelo local.
De acordo com a Fetraece (Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Ceará), cerca de 3.000 pessoas participaram da manifestação. A Polícia Rodoviária Federal estimou em 2.000 o número de participantes. Para evitar engarrafamentos, a polícia teve de desviar o trânsito pelo município de Itapipoca. Segundo a direção da Fetraece, a manifestação reuniu agricultores de 14 municípios do norte do Ceará.
A principal reivindicação dos trabalhadores é que o governo do Ceará decrete estado de calamidade pública também na região, para que estes municípios sejam beneficiados com a ajuda que o governo federal pretende dar às populações vítimas da estiagem.
O governo cearense reconhece 102 prefeituras em estado de calamidade. Até agora, está prevista a distribuição de 65 mil cestas básicas nos 62 municípios em situação mais crítica.
De acordo com a Fetraece, nos 14 municípios do norte do Estado existem cerca de 89 mil agricultores, que perderam de 65% a 85% da safra de milho e feijão este ano.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ceará não quis se pronunciar ontem sobre a reivindicação da Fetraece. Por volta das 14h, os agricultores deram por encerrada a manifestação e desbloquearam a rodovia.

Críticas ao pacote
Na semana passada, a Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) criticou os novos programas contra a seca do governo federal e anunciou em Recife que os protestos dos trabalhadores rurais no sertão iriam continuar. "O pacote do governo é uma salada de coisas que não traz praticamente nada de novo em relação ao que já foi feito no passado", disse o presidente da entidade, Manoel Santos.
Para ele, o número de beneficiados anunciado pelo governo -cerca de 600 mil pessoas- representa "apenas um quarto da necessidade". O valor da Bolsa-Renda, que destinará R$ 60 mais uma cesta básica por mês aos selecionados, "é ridículo", disse.



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