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SECA
Eles pedem ação do governo
Agricultores fecham rodovia em protesto
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Trabalhadores rurais bloquearam ontem a rodovia BR-222
-uma das principais vias de
acesso do Ceará ao Piauí- para
exigir do governo providências
no combate à seca.
O protesto aconteceu em um
trecho da rodovia entre os municípios de Irauçuba e Itapagé, a
cerca de 160 quilômetros de Fortaleza (CE). Por volta das 7h30, os
agricultores interditaram a estrada utilizando pedras e toras de
madeira. Eles só permitiram que
ambulâncias, veículos a serviço
de hospitais e carros de passeio
transportando pessoas doentes
passassem pelo local.
De acordo com a Fetraece (Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado do Ceará), cerca de
3.000 pessoas participaram da
manifestação. A Polícia Rodoviária Federal estimou em 2.000 o
número de participantes. Para
evitar engarrafamentos, a polícia
teve de desviar o trânsito pelo
município de Itapipoca. Segundo
a direção da Fetraece, a manifestação reuniu agricultores de 14
municípios do norte do Ceará.
A principal reivindicação dos
trabalhadores é que o governo do
Ceará decrete estado de calamidade pública também na região, para que estes municípios sejam beneficiados com a ajuda que o governo federal pretende dar às populações vítimas da estiagem.
O governo cearense reconhece
102 prefeituras em estado de calamidade. Até agora, está prevista a
distribuição de 65 mil cestas básicas nos 62 municípios em situação mais crítica.
De acordo com a Fetraece, nos
14 municípios do norte do Estado
existem cerca de 89 mil agricultores, que perderam de 65% a 85%
da safra de milho e feijão este ano.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural do Ceará não quis se pronunciar ontem sobre a reivindicação da Fetraece. Por volta das 14h,
os agricultores deram por encerrada a manifestação e desbloquearam a rodovia.
Críticas ao pacote
Na semana passada, a Contag
(Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) criticou os novos programas contra a seca do
governo federal e anunciou em
Recife que os protestos dos trabalhadores rurais no sertão iriam
continuar. "O pacote do governo
é uma salada de coisas que não
traz praticamente nada de novo
em relação ao que já foi feito no
passado", disse o presidente da
entidade, Manoel Santos.
Para ele, o número de beneficiados anunciado pelo governo
-cerca de 600 mil pessoas- representa "apenas um quarto da
necessidade". O valor da Bolsa-Renda, que destinará R$ 60 mais
uma cesta básica por mês aos selecionados, "é ridículo", disse.
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