UOL

São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO

Partido, da base de Lula, não renovará filiação de ex-governador; estopim foi protesto contra o governo

Executiva do PSB decide expulsar Garotinho

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A Executiva Nacional do PSB decidiu ontem expulsar do partido o secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho. O mecanismo encontrado foi não aceitar a renovação de sua filiação, já que a legenda está em fase de recadastramento até o dia 30.
O estopim para a expulsão foi a organização de um ato público contra o governo Lula pelo ex-governador do Rio de Janeiro, na semana passada. A legenda faz parte da base de apoio ao governo. O desgaste de Garotinho no PSB, porém, já vinha de antes. Ele não seguia as orientações do partido.
"Fazer ato público em troca de sanduíche e ônibus fretado não representa a forma de mobilização do PSB", disse o deputado Beto Albuquerque (RS), que é vice-líder do governo e um dos vice-presidentes da legenda.
A medida encontrada para tirar Garotinho do partido é mais simples e rápida do que abrir um processo disciplinar contra ele na Comissão de Ética do PSB, o que garantiria 60 dias de "processo midiático" para o ex-governador, segundo dirigentes do partido.
Dos 22 integrantes da Executiva, 16 estavam na reunião de ontem. O não-recadastramento de Garotinho não chegou a ser votado porque a decisão foi unânime.
O presidente do PSB do Rio, deputado Alexandre Cardoso, representou Garotinho na reunião e ficou de informá-lo da decisão: "Vou conversar com Garotinho sobre o que foi decidido. Cabe a ele fazer as ponderações. Meu papel é tentar construir a unidade do partido, que é fundamental".
Nos quatro dias que faltam para expirar o prazo de recadastramento, Garotinho pode recorrer ao Diretório Nacional, mas não há reunião dessa instância marcada no período. Com isso, um possível recurso pode não ter efeito.
Ele também poderia se retratar publicamente ou entrar em acordo com o presidente do PSB, Miguel Arraes, o que é também considerado improvável.
"O PSB não é a casa da mãe Joana. Todos são bem-vindos desde que haja respeito às decisões partidárias. Não pode é um filiado qualquer ficar pintando de Joãozinho do Passo Certo, ficar de bonzinho dizendo que não mudou de lado. Quer dizer que o resto do partido mudou?", disse Beto Albuquerque.
Para o deputado Edson Ezequiel (RJ), do grupo de Garotinho, as divergências entre o ex-governador e o partido são apenas de estilo. Ele participou da reunião, apesar de não ser da Executiva do partido:
"O melhor aliado não é aquele subserviente, que dá tapinha nas costas; é o que, de forma leal, sem baixarias, sem agressividade, coloca suas divergências", disse ele, defendendo que esse é o caso de Anthony Garotinho.

Amaral
Garotinho diz que, se sair, leva do PSB com ele 12 deputados. A liderança do PSB fala em oito. Com a saída do ex-governador, o partido não pretende substituir indicados por ele para o governo.
Segundo a assessoria do ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), do PSB e ligado a Garotinho, o fato não compromete sua permanência no governo. O secretário-executivo do ministério, Wanderley de Souza, também é ligado a Garotinho. Ele afirmou que não sabia da decisão e, por isso, não poderia dizer se permaneceria na legenda ou não.


Texto Anterior: Lula cancelou ida à Fiesp no dia anterior
Próximo Texto: Ex-governador estranha expulsão por "coerência"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.