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CONGRESSO
Partido, da base de Lula, não renovará filiação de ex-governador; estopim foi protesto contra o governo
Executiva do PSB decide expulsar Garotinho
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A Executiva Nacional do PSB
decidiu ontem expulsar do partido o secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho.
O mecanismo encontrado foi não
aceitar a renovação de sua filiação, já que a legenda está em fase
de recadastramento até o dia 30.
O estopim para a expulsão foi a
organização de um ato público
contra o governo Lula pelo ex-governador do Rio de Janeiro, na semana passada. A legenda faz parte da base de apoio ao governo. O
desgaste de Garotinho no PSB,
porém, já vinha de antes. Ele não
seguia as orientações do partido.
"Fazer ato público em troca de
sanduíche e ônibus fretado não
representa a forma de mobilização do PSB", disse o deputado Beto Albuquerque (RS), que é vice-líder do governo e um dos vice-presidentes da legenda.
A medida encontrada para tirar
Garotinho do partido é mais simples e rápida do que abrir um processo disciplinar contra ele na Comissão de Ética do PSB, o que garantiria 60 dias de "processo midiático" para o ex-governador, segundo dirigentes do partido.
Dos 22 integrantes da Executiva, 16 estavam na reunião de ontem. O não-recadastramento de
Garotinho não chegou a ser votado porque a decisão foi unânime.
O presidente do PSB do Rio, deputado Alexandre Cardoso, representou Garotinho na reunião e
ficou de informá-lo da decisão:
"Vou conversar com Garotinho
sobre o que foi decidido. Cabe a
ele fazer as ponderações. Meu papel é tentar construir a unidade
do partido, que é fundamental".
Nos quatro dias que faltam para
expirar o prazo de recadastramento, Garotinho pode recorrer
ao Diretório Nacional, mas não há
reunião dessa instância marcada
no período. Com isso, um possível recurso pode não ter efeito.
Ele também poderia se retratar
publicamente ou entrar em acordo com o presidente do PSB, Miguel Arraes, o que é também considerado improvável.
"O PSB não é a casa da mãe Joana. Todos são bem-vindos desde
que haja respeito às decisões partidárias. Não pode é um filiado
qualquer ficar pintando de Joãozinho do Passo Certo, ficar de
bonzinho dizendo que não mudou de lado. Quer dizer que o resto do partido mudou?", disse Beto
Albuquerque.
Para o deputado Edson Ezequiel (RJ), do grupo de Garotinho, as divergências entre o ex-governador e o partido são apenas de estilo. Ele participou da
reunião, apesar de não ser da Executiva do partido:
"O melhor aliado não é aquele
subserviente, que dá tapinha nas
costas; é o que, de forma leal, sem
baixarias, sem agressividade, coloca suas divergências", disse ele,
defendendo que esse é o caso de
Anthony Garotinho.
Amaral
Garotinho diz que, se sair, leva
do PSB com ele 12 deputados. A liderança do PSB fala em oito. Com
a saída do ex-governador, o partido não pretende substituir indicados por ele para o governo.
Segundo a assessoria do ministro Roberto Amaral (Ciência e
Tecnologia), do PSB e ligado a Garotinho, o fato não compromete
sua permanência no governo. O
secretário-executivo do ministério, Wanderley de Souza, também
é ligado a Garotinho. Ele afirmou
que não sabia da decisão e, por isso, não poderia dizer se permaneceria na legenda ou não.
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