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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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REGIME MILITAR

Governo quer negociar

Carta de entidades pede indenizações não pagas

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, principal entidade do gênero no Estado, cobrou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de uma carta aberta, o pagamento de indenizações aos presos e perseguidos pelo regime militar.
"O novo governo federal tem se recusado sistematicamente a cumprir a Constituição Federal", afirma a carta, intitulada "Entre o medo e a esperança". Segundo a entidade, "desde que tomou posse, [o governo] não indenizou um único perseguido político".
A dívida total estimada pelo Ministério da Justiça, segundo a assessoria de imprensa do ministério, é de R$ 5 bilhões. Na conta foram considerados os cerca de 20 mil pedidos de indenização já apresentados, aprovados ou não.
A carta divulgada ontem, Dia Internacional de Apoio às Vítimas da Tortura e pelos Direitos Humanos, faz referência ao fato de Lula receber uma indenização da União, enquanto demora a pagar outros perseguidos.
"A estupefação é maior quando são lembrados que o senhor presidente da República, há mais de dez anos, ministros e parlamentares, já receberam os benefícios previstos pelo artigo 8º dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias". De acordo com o fórum, Lula recebe mensalmente cerca de R$ 2,3 mil a título de indenização da União.
A maioria dos integrantes do fórum é militante do PT. Na carta se dizem "ainda mais preocupados" quando tiveram a confirmação, durante uma visita a São Paulo de Marcelo Lavenère, secretário do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que o governo estuda "a aplicação de um desconto" sobre as indenizações devidas.
A assessoria do ministério disse que o valor de algumas indenizações, por conta do atraso de anos, chega hoje a R$ 5 milhões, e são essas indenizações que o governo pretende renegociar.
A assessoria informou que diversos ministérios "estão estudando formas de reunir o dinheiro necessário para pagar as indenizações ainda em 2003".


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