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Quarto de hotel é "caixa" da mesada
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público Federal
tem informações de que seria em
hotéis em Brasília, especialmente
em um apartamento do Grand
Bittar Hotel, que deputados aliados do governo federal ou seus
emissários recebiam o chamado
"mensalão".
Em um dos apartamentos do
hotel funcionaria o "caixa" para
pagamento de ao menos parte das
mesadas que os aliados recebiam.
As informações que o Ministério Público possui, obtidas por
meio do relato de uma das pessoas que estão sendo ouvidas sobre o caso, dão conta de que era
normalmente nesse hotel que os
políticos compareciam ao longo
de um dia inteiro para receber a
mesada -R$ 30 mil, segundo o
deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) em entrevista à Folha.
Era no Grand Bittar que uma
das funcionárias do empresário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, Simone Reis Lôbo de Vasconcelos, gerente financeira da
SMPB Comunicação, costumava
se hospedar, conforme apurou a
Folha.
Vasconcelos é conhecida dos
funcionários do hotel, segundo
uma pessoa que trabalha no local,
que acrescentou que não se lembra de tê-la visto hospedada no
Gran Bittar nos últimos 20 ou 30
dias, período que coincide com o
início das denúncias sobre o
"mensalão". Questionado se ela
recebia deputados no seu apartamento, o funcionário -que pediu para não ser identificado-
afirmou que não se lembra e depois disse achar que não.
Em entrevista à revista "IstoÉ
Dinheiro" e em depoimento prestado na semana passada à Polícia
Federal em Belo Horizonte, Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, disse
que Simone Vasconcelos ia à Brasília pagar o "mensalão" e cuidava
de outros pagamentos a políticos.
À revista, ela disse que os pedidos de saques no Banco Rural, em
Belo Horizonte, eram "freqüentes". "Era tudo feito pela Simone
Vasconcelos. Era ela quem ia de
vez em quando para Brasília pagar", afirmou Somaggio, que desde outubro passado está sendo
processada por Valério por tentativa de extorsão.
Durante toda a semana passada,
a Folha tentou falar com Simone
Vasconcelos. Segundo sua secretária, a gerente deve esperar a decisão da SMPB para falar: "A posição que passaram é para a gente
não se manifestar. Ela é parte da
empresa e vai se manifestar junto
com a empresa. Várias outras
pessoas foram citadas. É um conjunto, uma equipe".
Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da Agência Folha, em Belo Horizonte
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