São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2005

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Quarto de hotel é "caixa" da mesada

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Ministério Público Federal tem informações de que seria em hotéis em Brasília, especialmente em um apartamento do Grand Bittar Hotel, que deputados aliados do governo federal ou seus emissários recebiam o chamado "mensalão".
Em um dos apartamentos do hotel funcionaria o "caixa" para pagamento de ao menos parte das mesadas que os aliados recebiam.
As informações que o Ministério Público possui, obtidas por meio do relato de uma das pessoas que estão sendo ouvidas sobre o caso, dão conta de que era normalmente nesse hotel que os políticos compareciam ao longo de um dia inteiro para receber a mesada -R$ 30 mil, segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em entrevista à Folha.
Era no Grand Bittar que uma das funcionárias do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, Simone Reis Lôbo de Vasconcelos, gerente financeira da SMPB Comunicação, costumava se hospedar, conforme apurou a Folha.
Vasconcelos é conhecida dos funcionários do hotel, segundo uma pessoa que trabalha no local, que acrescentou que não se lembra de tê-la visto hospedada no Gran Bittar nos últimos 20 ou 30 dias, período que coincide com o início das denúncias sobre o "mensalão". Questionado se ela recebia deputados no seu apartamento, o funcionário -que pediu para não ser identificado- afirmou que não se lembra e depois disse achar que não.
Em entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro" e em depoimento prestado na semana passada à Polícia Federal em Belo Horizonte, Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, disse que Simone Vasconcelos ia à Brasília pagar o "mensalão" e cuidava de outros pagamentos a políticos.
À revista, ela disse que os pedidos de saques no Banco Rural, em Belo Horizonte, eram "freqüentes". "Era tudo feito pela Simone Vasconcelos. Era ela quem ia de vez em quando para Brasília pagar", afirmou Somaggio, que desde outubro passado está sendo processada por Valério por tentativa de extorsão.
Durante toda a semana passada, a Folha tentou falar com Simone Vasconcelos. Segundo sua secretária, a gerente deve esperar a decisão da SMPB para falar: "A posição que passaram é para a gente não se manifestar. Ela é parte da empresa e vai se manifestar junto com a empresa. Várias outras pessoas foram citadas. É um conjunto, uma equipe".


Colaborou THIAGO GUIMARÃES, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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