|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI
Senador petista quer que comissão trabalhe 18 horas por dia; nesta semana, oito pessoas vão depor, inclusive Roberto Jefferson
Delcídio deixa liderança para atuar na CPI
LEILA SUWWAN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Delcídio Amaral
(MS) pretende deixar hoje a liderança do PT no Senado para se
dedicar somente à presidência da
CPI dos Correios e promete um
ritmo de trabalho de 18 horas ao
dia nesta semana, com oito depoimentos, incluindo o do deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Nas outras duas instâncias que
apuram o suposto esquema do
"mensalão", a corregedoria e o
Conselho de Ética da Câmara, a
perspectiva é também de uma semana muito tumultuada.
A corregedoria pretende ouvir
20 testemunhas, entre elas o presidente do PT, José Genoino, o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, e o publicitário Marcos
Valério, acusado por Jefferson de
ser um dos portadores do dinheiro para os deputados.
No Conselho, devem prestar depoimento outro suposto operador do esquema, o líder do PP, José Janene (PR), além da ex-secretária de Valério Fernanda Somaggio, que diz ter visto malas com
dinheiro em uma das agências de
publicidade em que trabalhava.
Delcídio é cauteloso ao opinar
sobre os próximos desdobramentos, mas se vê em "tensionamento
permanente" nos próximos meses. Na contramão do discurso
governista de isolar o caso de corrupção, quer esquadrinhar as relações entre políticos e estatais.
Além de querer enterrar o rótulo "chapa-branca", Delcídio pretende evitar mais "fogo amigo" e
precisa garantir uma boa atuação
para seu palanque em 2006, quando deverá ser candidato ao governo do Mato Grosso do Sul.
"Não tenho condições de acompanhar o dia-a-dia. Essa semana
não fui ao plenário e um líder fora
do plenário não dá", disse Delcídio. Ele assumiu a liderança do PT
em fevereiro. Reticente, só aceitou
presidir a CPI a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
caso dos Correios estourou em
maio, com a divulgação de uma
gravação na qual Maurício Marinho, ex-chefe de departamento de
Compras e Materiais, é flagrado
embolsando R$ 3.000 e detalhando um esquema de corrupção que
envolveria o PTB.
Dentro do "fogo-amigo", há críticas pela condução dos depoimentos, onde acusações sem provas foram feitas contra o PT. "Se o
assunto está relacionado com os
Correios, não tenho como cercear
um depoimento", disse Delcídio.
Maratona de depoimentos
Na corregedoria e no Conselho
de Ética, o ritmo é acelerado em
razão da aproximação do recesso
parlamentar de julho. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), já disse que o recesso é
inegociável, o que ocasionaria
uma interrupção na investigação,
a menos que haja um acordo de
última hora, o que é improvável.
"O governo vai querer ganhar
algum fôlego durante o recesso
para se preparar para os depoimentos de agosto, quando deveremos chamar dirigentes do PT
como Sílvio Pereira [secretário-geral] e Delúbio Soares [tesoureiro] para depor no Conselho", afirma o deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR), que integra o Conselho de Ética e a CPI.
De acordo com o regimento do
Congresso, só a CPI poderá continuar funcionando no recesso.
Também nesta semana deverão
ser criadas duas novas instâncias
de investigação -a CPI da Câmara sobre compra de votos e outra
CPI mista, exclusiva para o "mensalão"-, mas é pouco provável
que efetivamente funcionem.
Texto Anterior: Evento: Folha promove debate sobre gastos sociais Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/reação oficial: Ala do PMDB rejeita mais espaço no governo Índice
|