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PMDB pressiona e Sibá deixa a presidência do conselho
Petista havia convocado sessão hoje para votar processo contra presidente do Senado
Adelmir Santana (DEM) fica no posto interinamente; futuro de Renan continua indefinido, já que conselho está paralisado há seis dias
Fotos Lula Marques/Folha Imagem
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S.O.S. No plenário do Senado, Arthur Virgílio recebe bilhete de Renan: "Arthur, Precisamos resistir ao esquadrão da morte moral. Quem me conhece, sabe do meu comportamento. Para punir alguém, é preciso ter quebra de decoro e prova. Fora disso é imprensa opressiva. Você precisa me ajudar. Renan"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado e sem conseguir
dar andamento ao processo
contra o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
o senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou na noite de ontem à presidência do Conselho
de Ética. O caso está parado há
seis dias por falta de relator.
"Meu trabalho tem sido pautado pelo cumprimento do regimento e da Constituição. As
decisões do conselho começam
a ser contaminadas mais por
emoções políticas do que pelas
investigações. Eu me considero
sem condições de continuar
nesse trabalho", disse ele, que
abandonou sua vaga no órgão.
Sibá não queria ficar com o
desgaste pela paralisia dos trabalhos e tentou forçar ontem
uma definição do caso. O
PMDB então mandou um recado para o PT lembrando que é a
maior bancada do Senado e o
maior partido da coalizão,
transformando o caso em uma
questão de governo. Se o PT
abandonar Renan, o Palácio do
Planalto terá dificuldades de
aprovar projetos na Casa.
A decisão de renunciar à presidência foi tomada por Sibá
durante uma reunião com senadores do PT e do PSB na noite de ontem. O vice-presidente
do conselho, senador Adelmir
Santana (DEM-DF), assumirá
o cargo interinamente até que
seja eleito um novo presidente.
Há uma sessão do conselho
marcada para o final da tarde
de hoje. A presidência do órgão
cabe ao PMDB por ser a maior
bancada da Casa. O partido havia cedido a vaga para o PT.
Relator
Agora, aliados de Renan
apostam em um impasse para
inviabilizar as investigações. O
líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o líder do PMDB, senador Valdir
Raupp (RO), se reuniram com
Sibá e a líder do PT, senadora
Ideli Salvatti (SC), por volta do
meio-dia. Na reunião ficou claro que o PMDB não estava disposto a encontrar um relator
para o processo e que o desgaste ficaria com o PT.
Após esse encontro e uma
reunião com a bancada do PT,
Sibá chegou a marcar para hoje
a votação do arquivamento do
processo contra o presidente
do Senado. Renan não teria votos suficientes para enterrar o
caso de forma sumária.
Com exceção do PMDB, os
integrantes do conselho não se
sentem confortáveis em enterrar o processo antes que a Polícia Federal conclua a perícia
nos documentos apresentados
pela defesa de Renan.
A rejeição do parecer de Epitácio Cafeteira (PTB-MA) levaria à aprovação de um dos relatórios alternativos apresentados pela oposição. O autor do
documento aprovado se tornaria o novo relator. Eles foram
apresentados pelos senadores
Demóstenes Torres (DEM-GO), Jefferson Péres (PDT-AM), Marconi Perillo (PSDB-GO), Marisa Serrano (PSDB-MS) e pedem a continuidade
das investigações.
Lideranças do PMDB chegaram a afirmar durante a tarde
que Perillo poderia ser um bom
nome. Os tucanos são considerados mais moderados e confiáveis do que Demóstenes e
Péres. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), é
aliado de Renan.
Em um bilhete, o presidente
do Senado pediu ajuda ao líder
do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), e disse que está sendo
vítima de um "esquadrão da
morte moral". O papel foi enviado pela manhã, durante sessão no plenário.
"Para punir alguém, é preciso
ter quebra de decoro e prova.
Fora disso é imprensa opressiva", diz trecho do bilhete. Questionado pela imprensa, Virgílio
minimizou. "Acho que foi um
desabafo", disse ele.
O líder do PMDB insiste que
a melhor saída seria formar
uma comissão de três relatores
-um do PMDB, um do PT e outro da oposição. "A cada nome
que o PMDB indica parece que
é para enterrar o processo",
disse Raupp. O DEM é contra a
comissão alegando que ela não
chegaria a um entendimento.
Desde que o senador Wellington Salgado (PMDB-MG)
abandonou a relatoria na última quarta-feira, o presidente
do conselho e os líderes partidários estavam em um jogo de
empurra para a indicação de
um novo senador para a função.
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