São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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PMDB pressiona e Sibá deixa a presidência do conselho

Petista havia convocado sessão hoje para votar processo contra presidente do Senado

Adelmir Santana (DEM) fica no posto interinamente; futuro de Renan continua indefinido, já que conselho está paralisado há seis dias


Fotos Lula Marques/Folha Imagem
S.O.S. No plenário do Senado, Arthur Virgílio recebe bilhete de Renan: "Arthur, Precisamos resistir ao esquadrão da morte moral. Quem me conhece, sabe do meu comportamento. Para punir alguém, é preciso ter quebra de decoro e prova. Fora disso é imprensa opressiva. Você precisa me ajudar. Renan"

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado e sem conseguir dar andamento ao processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Sibá Machado (PT-AC) renunciou na noite de ontem à presidência do Conselho de Ética. O caso está parado há seis dias por falta de relator.
"Meu trabalho tem sido pautado pelo cumprimento do regimento e da Constituição. As decisões do conselho começam a ser contaminadas mais por emoções políticas do que pelas investigações. Eu me considero sem condições de continuar nesse trabalho", disse ele, que abandonou sua vaga no órgão.
Sibá não queria ficar com o desgaste pela paralisia dos trabalhos e tentou forçar ontem uma definição do caso. O PMDB então mandou um recado para o PT lembrando que é a maior bancada do Senado e o maior partido da coalizão, transformando o caso em uma questão de governo. Se o PT abandonar Renan, o Palácio do Planalto terá dificuldades de aprovar projetos na Casa.
A decisão de renunciar à presidência foi tomada por Sibá durante uma reunião com senadores do PT e do PSB na noite de ontem. O vice-presidente do conselho, senador Adelmir Santana (DEM-DF), assumirá o cargo interinamente até que seja eleito um novo presidente.
Há uma sessão do conselho marcada para o final da tarde de hoje. A presidência do órgão cabe ao PMDB por ser a maior bancada da Casa. O partido havia cedido a vaga para o PT.

Relator
Agora, aliados de Renan apostam em um impasse para inviabilizar as investigações. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), se reuniram com Sibá e a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), por volta do meio-dia. Na reunião ficou claro que o PMDB não estava disposto a encontrar um relator para o processo e que o desgaste ficaria com o PT.
Após esse encontro e uma reunião com a bancada do PT, Sibá chegou a marcar para hoje a votação do arquivamento do processo contra o presidente do Senado. Renan não teria votos suficientes para enterrar o caso de forma sumária.
Com exceção do PMDB, os integrantes do conselho não se sentem confortáveis em enterrar o processo antes que a Polícia Federal conclua a perícia nos documentos apresentados pela defesa de Renan.
A rejeição do parecer de Epitácio Cafeteira (PTB-MA) levaria à aprovação de um dos relatórios alternativos apresentados pela oposição. O autor do documento aprovado se tornaria o novo relator. Eles foram apresentados pelos senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Jefferson Péres (PDT-AM), Marconi Perillo (PSDB-GO), Marisa Serrano (PSDB-MS) e pedem a continuidade das investigações.
Lideranças do PMDB chegaram a afirmar durante a tarde que Perillo poderia ser um bom nome. Os tucanos são considerados mais moderados e confiáveis do que Demóstenes e Péres. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB), é aliado de Renan.
Em um bilhete, o presidente do Senado pediu ajuda ao líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), e disse que está sendo vítima de um "esquadrão da morte moral". O papel foi enviado pela manhã, durante sessão no plenário.
"Para punir alguém, é preciso ter quebra de decoro e prova. Fora disso é imprensa opressiva", diz trecho do bilhete. Questionado pela imprensa, Virgílio minimizou. "Acho que foi um desabafo", disse ele.
O líder do PMDB insiste que a melhor saída seria formar uma comissão de três relatores -um do PMDB, um do PT e outro da oposição. "A cada nome que o PMDB indica parece que é para enterrar o processo", disse Raupp. O DEM é contra a comissão alegando que ela não chegaria a um entendimento.
Desde que o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) abandonou a relatoria na última quarta-feira, o presidente do conselho e os líderes partidários estavam em um jogo de empurra para a indicação de um novo senador para a função.


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