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SUCESSÃO
Ministros concedem liminar para Paes de Andrade, que organiza encontro oposicionista do partido amanhã
TSE suspende convenção dos governistas
SILVANA DE FREITAS
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) suspendeu ontem à
noite, por unanimidade, a realização da convenção do
PMDB que reuniria os governistas
e declarou válida a convenção
convocada pelo presidente do partido, deputado Paes de Andrade
(CE), líder dos dissidentes.
Com base no estatuto do PMDB,
o TSE considerou que somente a
Executiva Nacional, representada
por Paes de Andrade, tem competência para convocar o encontro.
A decisão provisória do TSE dividiu o grupo governista do
PMDB. O líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA),
disse que vai participar da convenção de Paes, enquanto o líder no
Senado, Jader Barbalho (PA), afirmou que tentará dissolver o Diretório Nacional do partido.
Com isso, a Executiva Nacional
seria dissolvida e Paes seria destituído. Não aconteceria a convenção e o PMDB ficaria sem candidato própria a presidente da República e fora da coligação de Fernando Henrique Cardoso.
"Vamos à convenção e vamos
ganhar no voto. Não vou ficar intimidado pelo MR-8 (grupo radical
que apóia Paes)", disse Geddel.
'"Eu não vou. Não vou participar
dessa farsa", afirmou Jader.
O líder no Senado argumentou
que FHC terá o apoio informal do
PMDB mesmo que não aconteça a
convenção. Além disso, a maior
parte do tempo do partido no horário eleitoral gratuito -seis minutos e 58 segundos- acabaria ficando com a coligação de FHC.
Os governistas temem que Paes
e, principalmente, os integrantes
do MR-8, transformem a convenção num campo de batalha. Isso
traria mais prejuízos a FHC.
O advogado que representa os
governistas, Eduardo Ferrão, disse que poderá recorrer hoje ao STF
(Supremo Tribunal Federal) em
uma última tentativa de impedir
judicialmente a convenção organizada por Paes de Andrade.
As duas reuniões estavam marcadas para amanhã em Brasília.
Uma decidiria sobre o apoio à
candidatura do presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição. A outra deve deliberar entre o
lançamento de candidato próprio
e o apoio a FHC.
A questão chegou ao TSE porque
os dois grupos do partido pediram
a concessão de liminar. O TSE negou liminar pedida pelos líderes
do PMDB na Câmara dos Deputados, Geddel Vieira Lima (BA), e
no Senado, Jader Barbalho (PA), e
concedeu outra pedida por Paes.
Os ministros do TSE divergiram
inicialmente sobre o exame da
questão neste momento. Dos 7 integrantes do tribunal, 2 entenderam que se tratava de uma crise
interna e que o partido deveria assumir o risco de prejuízos decorrentes da divergência.
'"Essa discórdia pode levar a
prejuízos, mas o partido deve assumir esse risco", disse Neri da
Silveira, relator dos pedidos de liminar.
O principal risco eleitoral seria o
impedimento de o PMDB participar da coligação que apoiará FHC
ou lançar candidato próprio a presidente, em decisão do TSE no
momento da apreciação dos pedidos de registro de candidaturas.
Em março, em uma convenção
muito tumultuada, o PMDB rejeitou a proposta de lançamento de
candidato próprio, sinalizando o
apoio à reeleição de FHC.
Os governistas sustentaram, no
TSE, que Paes convocou a convenção do partido por decisão pessoal
e que deveria ter consultado a Executiva.
Paes foi beneficiado pela decisão
do tribunal, porque os ministros
entenderam que essa alegação não
ficou comprovada. Por ser liminar, a decisão tem caráter provisório. O TSE julgará o mérito, quando deverá reexaminar essa prova.
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