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VÔO ABATIDO
"Partido da ética" sofre com acusações
Quatro meses depois de o PSDB lançar manifesto político, tucanos são processados e renunciam
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A imagem acima tem 120 dias.
Reunida em Belém, a cúpula tucana entoava um firme discurso
pela ética. Dizia ser o PSDB o
mais íntegro partido governista,
protagonista de práticas políticas superiores às do PMDB e do
PFL, seus consortes no poder.
Em menos de quatro meses,
porém, o canto tucano virou
mau agouro. Entre os 20 senhores retratados, um foi obrigado a
renunciar e outro corre risco de
impeachment. Há quem barrou
investigações de corrupção e
quem se tornou alvo delas.
O rol é encabeçado pelo governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira. Envolvido em denúncias de cobrança de propina
e uso de caixa dois na campanha, teve de demitir sua mulher,
Maria Helena Ferreira, da Secretaria de Trabalho e Ação Social.
Acuado, o governador pediu
ontem seu desligamento do partido. O impeachment, contudo,
ainda não saiu do horizonte.
Em Goiás, o governador Marconi Perillo também é investigado, sob a acusação de que a Secretaria de Fazenda cobraria
propina para liberar recursos.
Há um mês, o Ministério Público goiano e a Procuradoria da
República apuram a consistência de uma gravação em que um
intermediário cobra propina em
nome de Perillo para liberar verba para concluir uma rodovia.
No Pará, o governador Almir
Gabriel agiu nos bastidores para
evitar que a Assembléia Legislativa, controlada por ele, investigasse a participação do senador
Jader Barbalho (PMDB-PA) no
desvio de recursos do Banpará.
De todos os casos recentes que
abateram tucanos, porém, nenhum foi mais constrangedor
do que a renúncia do ex-senador
José Roberto Arruda (DF).
Pego na mentira, subiu à tribuna do Senado para admitir que,
dias antes, faltara ali mesmo
com a verdade sobre a violação
do painel de votação. Isolado,
desligou-se do PSDB antes que
sua expulsão fosse aprovada.
Enquanto mandatos implodiam no Senado, na Câmara o
presidente Aécio Neves arquivava o pedido de investigação contra o presidente Fernando Henrique Cardoso.
As manobras contra a CPI da
corrupção abafaram até a cerimônia do Congresso em homenagem a Mário Covas, maior
símbolo de ética no PSDB. A família, magoada, classificou o
cancelamento do ato como "desaforo" e "quase humilhante".
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