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CASO MARKA
Governo quer processo lá
Itália nega a extradição de Cacciola, diz Gregori
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, José Gregori, anunciou ontem que o governo italiano negou a extradição
do banqueiro Salvatore Cacciola,
antigo dono do banco Marka, que
mora hoje em Roma. O governo
brasileiro vai recorrer da decisão.
Se perder também o recurso, o
que é considerado provável, o ministro da Justiça adiantou que será estudada a possibilidade de o
governo brasileiro processar o
banqueiro na Itália.
A análise do pedido de reconsideração deve durar quatro meses,
informou o ministro da Justiça.
Cacciola está foragido na Itália
desde julho de 2000. A negativa
das autoridades italianas já era esperada, embora Gregori sempre
tentasse mostrar otimismo.
Em maio passado, por exemplo,
Gregori chegou a dizer que o banqueiro seria extraditado em breve. Baseava-se apenas em carta
enviada pelo embaixador italiano
dizendo que "os estudos e providências para a extradição estão
ocorrendo com grande empenho
para chegar à conclusão".
Gregori chegou a viajar à Itália
para fazer gestões pela extradição.
"Nós preferimos insistir na extradição", disse ontem o ministro.
Apesar de cogitar processar o ex-banqueiro na Itália, o próprio ministro não considera que essa seja
a melhor alternativa. Ele prefere
processá-lo no Brasil.
Por aqui, Cacciola é alvo de seis
inquéritos da Polícia Federal. Ele é
acusado dos crimes de peculato,
corrupção passiva e gestão fraudulenta de instituição financeira.
Na crise cambial de 1999, Cacciola apostou que o real não seria
desvalorizado e perdeu. Para evitar que os bancos Marka e FonteCindam quebrassem, o Banco
Central vendeu a eles dólares
abaixo do preço de mercado. O
operação causou prejuízo de R$
1,6 bilhão ao erário.
O ex-banqueiro ficou preso por
37 dias no ano passado. Foi solto
em 14 de julho, por um habeas
corpus concedido pelo ministro
Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal. Cinco
dias depois o ministro Carlos Velloso cassou a decisão. Já era tarde: Cacciola saíra do país e, desde
então, é considerado foragido.
O governo italiano alegou falta
de reciprocidade, prevista no tratado de extradição entre os dois
países, para negar o pedido de extradição de Cacciola.
Gregori explicou que o governo
italiano pediu, na mesma época, a
extradição de um cidadão brasileiro, o que foi negado. "Está proibido pela Constituição brasileira", disse o ministro.
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