São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO MARKA

Governo quer processo lá

Itália nega a extradição de Cacciola, diz Gregori

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, José Gregori, anunciou ontem que o governo italiano negou a extradição do banqueiro Salvatore Cacciola, antigo dono do banco Marka, que mora hoje em Roma. O governo brasileiro vai recorrer da decisão.
Se perder também o recurso, o que é considerado provável, o ministro da Justiça adiantou que será estudada a possibilidade de o governo brasileiro processar o banqueiro na Itália.
A análise do pedido de reconsideração deve durar quatro meses, informou o ministro da Justiça.
Cacciola está foragido na Itália desde julho de 2000. A negativa das autoridades italianas já era esperada, embora Gregori sempre tentasse mostrar otimismo.
Em maio passado, por exemplo, Gregori chegou a dizer que o banqueiro seria extraditado em breve. Baseava-se apenas em carta enviada pelo embaixador italiano dizendo que "os estudos e providências para a extradição estão ocorrendo com grande empenho para chegar à conclusão".
Gregori chegou a viajar à Itália para fazer gestões pela extradição. "Nós preferimos insistir na extradição", disse ontem o ministro. Apesar de cogitar processar o ex-banqueiro na Itália, o próprio ministro não considera que essa seja a melhor alternativa. Ele prefere processá-lo no Brasil.
Por aqui, Cacciola é alvo de seis inquéritos da Polícia Federal. Ele é acusado dos crimes de peculato, corrupção passiva e gestão fraudulenta de instituição financeira.
Na crise cambial de 1999, Cacciola apostou que o real não seria desvalorizado e perdeu. Para evitar que os bancos Marka e FonteCindam quebrassem, o Banco Central vendeu a eles dólares abaixo do preço de mercado. O operação causou prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao erário.
O ex-banqueiro ficou preso por 37 dias no ano passado. Foi solto em 14 de julho, por um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal. Cinco dias depois o ministro Carlos Velloso cassou a decisão. Já era tarde: Cacciola saíra do país e, desde então, é considerado foragido.
O governo italiano alegou falta de reciprocidade, prevista no tratado de extradição entre os dois países, para negar o pedido de extradição de Cacciola.
Gregori explicou que o governo italiano pediu, na mesma época, a extradição de um cidadão brasileiro, o que foi negado. "Está proibido pela Constituição brasileira", disse o ministro.



Texto Anterior: Precatório: Relatório de CPI de SP faz acusações a Maluf
Próximo Texto: Panorâmica - Rio Grande do Norte: Documentos acusam cunhado do governador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.