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PF prende seis suspeitos de fraudar licitações do governo
Quadrilha de empresários e servidores atuaria na Abin, no Senado e em três ministérios
Acusado de comandar o esquema já havia sido indiciado após operação que apontou desvios de R$ 11,9 milhões no TCU, em 2004
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prendeu
ontem cinco empresários e
funcionários de empresas de
prestação de serviços e um servidor sob a acusação de, em
conjunto, fraudar pelo menos
12 licitações e contratos firmados por seis órgãos públicos
-Senado, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), DNPM
(Departamento Nacional da
Produção Mineral) e ministérios da Justiça, Ciência e Tecnologia e Transportes.
Na Operação Mão-de-Obra, a
PF cumpriu ontem, em Brasília, além das prisões, 30 mandados de busca e apreensão de documentos nos órgãos públicos,
na residência das pessoas presas e na sede das empresas
Conservo, Brasília Informática
e Ipanema.
A investigação revelou indícios de que os empresários se
reuniriam para combinar que
empresas disputariam licitações nas áreas de serviços gerais e informática. Nos encontros, definiam previamente que
valores ofereceriam, a fim de
assegurar quem levaria os contratos com os órgãos públicos.
Os servidores, que receberiam vantagens indiretas -ainda é investigada a possibilidade
de pagamentos em dinheiro-,
forneceriam informações privilegiadas e ajudariam a dirigir
os editais das licitações para favorecer as futuras vencedoras.
Os servidores, empresários e
seus funcionários presos ontem são acusados de praticar os
crimes de fraude a licitações,
formação de cartel e quadrilha,
corrupção ativa e passiva, entre
outros crimes.
Ao todo, a lista de suspeitos
investigados pela PF soma sete
servidores e 13 empresários e
funcionários de sete empresas
prestadoras de serviços.
Operação Sentinela
Segundo a PF, o empresário
Vítor Cúgula, dono da Conservo, comandava as fraudes. Ele
já havia sido indiciado por fraude a licitações.
Em 2004, Cúgula foi investigado pela Polícia Federal na
chamada Operação Sentinela,
que em dezembro daquele ano
levou à prisão seis executivos e
empresários do ramo de segurança privada e quatro servidores do TCU (Tribunal de Contas da União).
A suposta manipulação de
duas licitações do TCU, órgão
de fiscalização de contas públicas que auxilia o Congresso, somou R$ 11,9 milhões. Cinco
empresas no setor de segurança e contratação de mão-de-obra terceirizada foram investigadas pela PF: Brasfort, Reman Segurança, Montana e Sitran e Confederal -do então
ministro das Comunicações
Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Eunício declarou-se à época
afastado da empresa.
O TCU ainda não concluiu a
sindicância interna aberta para
apurar o caso.
O inquérito decorrente da
Operação Sentinela foi concluído pela a PF em julho do ano
passado. O Ministério Público
Federal, no entanto, ainda não
se pronunciou sobre os crimes
pelos quais a PF acusa o grupo,
entre os quais formação de
quadrilha e fraude a licitações.
Contratos
A Conservo tem contratos
com os seis órgãos públicos que
foram alvo de operações de
busca e apreensão ontem.
O contrato com o Ministério
da Justiça, firmado em 2001,
está na fase final de vigência de
seus cinco anos de validade. Pelos termos da contratação, podem ser gastos até R$ 19,79 milhões anuais, para fornecer o
serviço de recepcionistas e
apoio administrativo.
Com o Ministério da Ciência
e Tecnologia, a Conservo mantém três contratos, que totalizam R$ 3,56 milhões.
DNPM, Senado, Ministério
dos Transportes e Abin não informaram detalhes sobre seus
contratos com a Conservo.
Os policiais ainda não fecharam o valor total envolvido nas
fraudes. A Controladoria Geral
da União, que disponibilizou
técnicos para ajudar a PF na
operação de ontem, fará uma
auditoria inicial em 12 contratos considerados suspeitos.
A PF, ao aprofundar as investigações, pretende insistir em
pedir à Justiça a prisão de seis
servidores públicos, que foi negada inicialmente.
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