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OAB lança campanha "cansei" para protestar
Iniciativa encampada pela Ordem foi de publicitários e empresários ligados a tucanos; movimento não é político, dizem lideranças
"Cansei do caos aéreo", "cansei de bala perdida", "cansei de pagar tantos impostos" estão entre os slogans do movimento
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Será lançado hoje em todo o
país o "Movimento Cívico pelo
Direito dos Brasileiros", que os
idealizadores já chamam de
"Cansei". Emissoras de rádio e
TV devem divulgar a iniciativa.
O movimento reúne lamentos distintos em uma "cesta de
cansaços". Até o dia 17 de agosto, quando se completa um mês
do acidente com o avião da
TAM, serão veiculados anúncios com frases como "cansei
do caos aéreo", "cansei de bala
perdida", "cansei de pagar tantos impostos", "cansei de empresários corruptores".
A iniciativa tomou forma a
partir de reuniões no escritório
de João Dória Jr. No ano passado, ele promoveu almoços para
arrecadar recursos para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Oficialmente, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) lidera o grupo.
Segundo Luiz Flávio Borges
D'Urso, presidente da OAB-SP,
apesar dos slogans, o movimento não tem viés oposicionista.
"Não entraria em nada com cunho político, o objetivo é expressar indignação contra tudo
o que está acontecendo no país,
e, algumas coisas, há muitos
anos. Não somos anti-Lula."
Procurado, o Palácio do Planalto não fez comentários. Mas,
conforme informou ontem a
"Coluna da Mônica Bergamo",
na Folha, o governo monitora
o grupo de perto.
No dia 17 de agosto, o "Cansei" fará um ato ecumênico no
local da tragédia com o avião da
TAM para homenagear as vítimas. Também pedirá que todos
os brasileiros façam um minuto de silêncio nesse dia.
Na semana passada, após o
acidente, um grupo se reuniu
no escritório de Dória em São
Paulo para discutir a idéia.
Nesta primeira reunião, estavam publicitários como Sérgio
Gordilho, presidente da agência de publicidade África, e
membros do Comitê de Jovens
Empreendedores da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), como Ronaldo Koloszuk, 29. Depois, o grupo ganhou a adesão de outras
entidades, como a Associação
Comercial de São Paulo.
"Perdi amigos no vôo da
TAM", diz Dória. "O movimento nasceu de uma indignação
coletiva, da sensação de que é
preciso fazer alguma coisa,
mostrar que a sociedade não
está apática. Mas, ao mesmo
tempo, queremos demonstrar
uma solidariedade às vítimas
de forma pacífica, organizada.
Unimos as duas coisas, com o
mesmo espírito."
Na última terça-feira, o grupo se reuniu com a OAB-SP e
propôs que a entidade liderasse
o "Cansei". Segundo Dória e
D'Urso, só a organização dos
advogados tem legitimidade
para levar adiante "um movimento em prol da cidadania".
Tucanos
O grupo afirma que não teve
nem terá custo algum com a
campanha. "As campanhas publicitárias foram feitas de graça
e as TVs e rádios também vão
veiculá-las sem cobrar", diz Koloszuk, da Fiesp. Um anúncio
de 30 segundos no intervalo do
"Jornal Nacional", da TV Globo, custa R$ 318.500.
Quem capitaneou a produção das peças foi a África, de Nizan Guanaes. Ele fez a campanha do tucano José Serra à Presidência, em 2002, e uma de
suas empresas ganhou neste
mês parte da conta dos Correios, do governo federal, no valor de R$ 22 milhões. Os organizadores do "Cansei" dizem
que outras agências colaboraram com o movimento, mas
não divulgaram os nomes.
Todos os organizadores tentam se desvincular de partidos.
Dória, ligado aos tucanos há
muitos anos, afirma: "Tenho
uma boa relação com o Alckmin, mas não conversei com ele
sobre o movimento. Ninguém
pode acusar o brasileiro de que,
porque está indignado, faz política." D'Urso afirma que se a
oposição ao Planalto fizer uso
do "Cansei", o movimento sairá
de circulação.
É a mesma posição de Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo,
entidade que era presidida por
Guilherme Afif Domingos
(DEM), hoje secretário do tucano Serra no governo de São
Paulo. "Queremos despertar
em cada indivíduo o que ele pode fazer para mudar o país."
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