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ALAGOAS
Obra de R$ 45 milhões, sob investigação do TCU, envolve ministro da Justiça na disputa eleitoral alagoana
Ministro é acusado de favorecer irmão
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
XICO SÁ
da Reportagem local
Uma obra sob suspeita de preço
elevado, objeto de investigação do
TCU (Tribunal de Contas da
União) e de sindicância do governo de Alagoas, põe o ministro da
Justiça, Renan Calheiros, como alvo de acusações na campanha eleitoral no Estado.
No posto de relator da Comissão
de Orçamento da Câmara, no ano
passado, Calheiros acatou uma
emenda da bancada alagoana destinando recursos para uma obra
polêmica: a macrodrenagem da
zona norte de Maceió.
Originalmente, essa construção
era um projeto da prefeitura da cidade, a quem caberia ser beneficiada com os recursos. A emenda,
no entanto, repassou os recursos
para o governo do Estado, novo
responsável pela mesma obra.
Na mesma época, assumiu a Secretaria Estadual de Infra-estrutura, órgão para quem se destinavam os recursos, Olavo Calheiros,
irmão do ministro da Justiça e
candidato a deputado federal pelo
PMDB de Alagoas.
Pelo projeto original da prefeitura, toda a obra seria feita por um
custo que não ultrapassaria R$ 20
milhões. Sob a responsabilidade
do Estado, os gastos previstos saltaram para R$ 45 milhões.
O presidente da Companhia de
Obras e Urbanização de Maceió,
Marcos Vieira, responsável inicial
pelo projeto, afirmou que, com os
R$ 11,7 milhões já aprovados, a
prefeitura teria condições de concluir todo o serviço.
"O atual ministro cometeu a irregularidade de transferir uma
obra de autonomia municipal para beneficiar seu irmão", disse
Vieira, abrindo a temporada de
acusações na política alagoana.
Renan Calheiros, que desistiu de
concorrer ao governo alagoano
por influência do presidente Fernando Henrique Cardoso, é um
dos principais cabos eleitorais do
governador Manoel de Barros
(PTB), candidato à reeleição.
Estudo encomendado pela prefeitura, há um mês, apontou disparidades entre os projetos do
município e do Estado.
O projeto do governo prevê, por
exemplo, a retirada de 700 mil caminhões de terra para a construção de três açudes -serviço orçado em R$ 11 milhões. No plano da
prefeitura, seria necessário a retirada de só 90 mil caminhões de
terra para fazer o mesmo trabalho.
Uma comissão na Câmara Municipal e outra no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
de Alagoas foram formadas para
debater as distorções expostas
com a divulgação do relatório
comparativo entre as obras.
Na última segunda-feira, a prefeita Kátia Born (PSB) e o atual secretário estadual de Infra-estrutura, Ademir Cabral, decretaram
uma trégua sobre a polêmica.
Pela trégua, que o governador
diz ser a prova de que não houve
superfaturamento, o Estado se
comprometeu a ajudar a prefeitura, realizando uma obra que não
estava prevista: a drenagem do
Distrito Industrial de Maceió.
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