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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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MARCHA DAS MARGARIDAS

Quatro ministros participam de ato da Contag em Brasília

Mulheres expõem pacote de reivindicações em protesto

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com uma lista de pedidos que vai desde uma maior presença de mulheres na reforma agrária até a valorização do salário mínimo, entre 40 mil e 50 mil mulheres, segundo os organizadores, e cerca de 20 mil, na avaliação da Polícia Militar, realizaram ontem a segunda Marcha das Margaridas, em Brasília.
O principal objetivo é pressionar por agilidade na reforma agrária. Não houve registros de distúrbios durante a marcha.
Os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Benedita da Silva (Assistência Social) e Emília Fernandes (Políticas para Mulheres) estiveram presentes, fizeram discursos e foram aplaudidos.
"O pessoal não perdeu a esperança de que este governo pode dar certo. Se não for o Lula a trazer um avanço, não teremos alternativa", disse Manoel José dos Santos, presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Organizadora do evento, Raimunda de Mascena, coordenadora nacional da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, afirmou que há "independência" em relação ao governo. "Nosso objetivo não é promover o governo ou derrubar o governo. Temos uma pauta de reivindicações", disse a coordenadora.
Antes da manifestação, uma comissão de manifestantes foi recebida pelo presidente interino, José Alencar, a quem foi entregue a pauta de reivindicações. Para analisá-la, o governo federal vai criar na próxima semana um grupo de trabalho com alguns ministérios.
Alguns dos pedidos das mulheres dizem respeito à adoção de uma política nacional de valorização do salário mínimo, maior presença de mulheres nas titulações de terra emitidas pelo governo federal, mais atenção à saúde pública de qualidade, especialmente para mulheres, combate à violência contra a mulher e contra a violência no campo.
A Marcha das Margaridas foi realizada pela primeira vez em 2001, quando reuniu cerca de 20 mil mulheres. O nome do evento é uma homenagem à líder sindical Margarida Maria Alves, morta no dia 12 de agosto de 1983, em Alagoa Grande (PB).
A caminhada durou cerca de cinco horas e foi pacífica. As manifestantes deixaram o Parque da Cidade às 12h30.
Em vez do improviso, os animadores em carros de som liam discursos previamente escritos. Também não houve palavras de ordem, mas músicas, entre outras, de Milton Nascimento e Gilberto Gil, ministro da Cultura.
Ao fim da caminhada, por volta das 16h, elas fizeram um ato público em frente ao Congresso. "Já conseguimos a sinalização de criação do Pronaf [Programa Nacional de Agricultura Familiar] para a mulher, o que é uma conquista histórica", disse Rossetto.
O presidente da Contag e a coordenadora das mulheres consideram "uma boa idéia" a estratégia do governo de utilizar terras públicas para assentar sem-terra.


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