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Acordo trouxe "dinheiro fácil", diz PM
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA
Dinheiro fácil. Essa foi a explicação de pelo menos dois de um
conjunto de cinco policiais militares que ajuizaram ações trabalhistas de até R$ 575 mil contra o
BankBoston. Reclamavam direitos legais (horas extras, entre outros) por serviços prestados na
equipe da segurança pessoal do
hoje presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
Gileno Euzébio da Silva e Rorion Alves Martins -que recebem R$ 1.600 líquidos como sargentos da Polícia Militar e disseram à Folha que ganhavam do
BankBoston R$ 4.500 mensais-
obtiveram, descontados Imposto
de Renda, Previdência Social e
honorários advocatícios, R$ 100
mil e R$ 50 mil de uma só vez, respectivamente, no acordo trabalhista com o banco.
As sucessivas ações ajuizadas
por um mesmo escritório de advocacia, em valores elevados e
com acordos firmados com o
BankBoston, levaram o Ministério Público do Trabalho a apontar
a existência de indícios de que os
processos eram para camuflar
contribuições do banco à campanha vitoriosa de Meirelles à Câmara em 2002, pelo PSDB.
Meirelles e o BankBoston negam e dizem que a segurança era
prevista em contrato, válido por
dois anos após a saída do banco.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal, que deverá apurar se houve abuso de poder de Meirelles, com suposto uso
de contribuições do BankBoston
não declaradas à Justiça Eleitoral.
Como a maioria das ações de
2003 tem PMs como autores, o relatório da Procuradoria também
foi encaminhado ao Ministério
Público Estadual e à Corregedoria
de Polícia, responsáveis por averiguar a existência de irregularidades na conduta dos servidores,
proibidos por lei de prestar serviços paralelos às suas funções.
Com o dinheiro recebido, o sargento Silva construiu uma casa
nova e deu um carro para a mulher. Martins quitou um imóvel e
comprou um carro do ano. Com
os colegas, ambos enfrentarão
sindicância, instaurada no último
dia 23 pela Gerência de Correições e Disciplina da PM de Goiás.
Responsável pelo órgão, o coronel Deovanir Frazão aceita o "bico" dos policiais, desde que não
tenha ocorrido em horário de trabalho. Seu superior, o corregedor-geral de polícia, Eurípedes da
Silva, condena a prática -policial
não pode ter atividades extras.
Carlos Massis, também um ex-integrante da equipe de segurança
de Meirelles, é testemunha em
processos trabalhistas contra o
BankBoston e autor de uma ação
na qual pretende ganhar mais de
R$ 300 mil. Massis disse à Folha
que, nas viagens de Meirelles pelo
Brasil, era comum o recrutamento de policiais.
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