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Procuradoria vai denunciar Azeredo por desvio de verba
Dinheiro investido por estatais mineiras em evento em 1998
teria sido usado na campanha de senador ao governo mineiro
Agência de Marcos Valério
teria feito triangulação;
empresário e tesoureiro de
tucano também vão ser
incluídos na denúncia
Alan Marques - 25.out.05/Folha Imagem
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O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), no plenário do Senado |
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
TIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público Federal
vai denunciar à Justiça o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) sob a acusação de crime de
peculato. Essa prática ocorre
quando o servidor público se
apropria de dinheiro ao qual
tem acesso em razão do cargo e
desvia os recursos em benefício
próprio ou de terceiros.
Juntamente com Azeredo
serão acusados pelo mesmo
crime o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e
Cláudio Mourão, que foi tesoureiro da campanha derrotada
de reeleição ao governo de Minas de Azeredo em 1998.
A pena para o crime pode
chegar a 12 anos de prisão.
Como o senador tem direito a
foro especial no STF (Supremo
Tribunal Federal), a prerrogativa de oferecer a denúncia é do
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza.
O centro da acusação está na
edição de 1998 do evento esportivo Enduro da Independência, promovido pela agência
de publicidade SMPB, da qual
Valério era sócio.
Estatais mineiras, como a
Copasa e a Comig, compraram
duas cotas de patrocínio da
competição, no valor de R$ 1,5
milhão cada uma delas.
Por meio da SMPB, o dinheiro teria sido repassado à campanha de Azeredo, conforme
consta de uma suposta contabilidade paralela da campanha
tucana em 1998 atribuída ao tesoureiro Cláudio Mourão, que
nega ser o autor do documento.
No documento entregue à PF
pelo lobista Nilton Monteiro,
há o relato da origem e destino
de cerca de R$ 100 milhões que
teriam sido arrecadados.
O patrocínio é uma das fontes de recursos apontadas no
documento, que segundo a PF
não tem indícios de falsificação. Para o Ministério Público
mineiro, o desvio de dinheiro
público para a campanha de
Azeredo está comprovado no
financiamento do enduro.
Desde dezembro de 2003,
Azeredo e outros dez réus -entre eles Valério e o atual vice-governador de MG, Clésio Andrade (PL)- respondem no
STF a uma ação de improbidade administrativa por suposta
participação nesse caso.
Em sua defesa, Azeredo assume a prática de caixa dois, que
teria sido feito sem o seu conhecimento por Mourão. A
fonte dos recursos paralelos teria sido um empréstimo de R$
8,5 milhões que Valério tomou
no Banco Rural e repassou à
campanha, mediante compromisso de pagamento posterior.
A dívida foi resgatada em abril
de 2003, quando era de R$ 13,9
milhões. A DNA pagou R$ 2 milhões e o resto ficou por conta
de serviços de publicidade ao
banco, segundo Valério.
Mourão afirma que a campanha tucana custou R$ 20 milhões, sendo R$ 11, 5 milhões
não declarados.
A cifra está muito distante
dos R$ 100 milhões apontados
na suposta contabilidade paralela assinada por Mourão com
firma reconhecida em cartório.
Conforme a investigação, as
fontes de recursos não se limitam à esfera pública. Pelo menos três empresas privadas teriam feito depósitos em favor
de empresas de Valério em datas próximas à quitação de parcelas do empréstimo. Somente
a empreiteira mineira ARG
Ltda. depositou cerca de R$ 3
milhões em favor das empresas
de Valério em 1998.
Outra suposta fonte de recursos públicos para a campanha foi a Cemig (Companhia
Energética de Minas Gerais).
No dia seguinte a depósito de
R$ 1,7 milhão da estatal à
SMPB, a empresa transferiu R$
R$ 1,1 milhão para candidatos
apoiados pelo PSDB.
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