São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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RUMO A 2002
Petista quer ampliar frente de esquerdas visando eleição presidencial
Lula critica Ciro, mas sugere aliança

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Porto Alegre, que, depois das eleições, pretende "ampliar" a "frente de esquerdas" contra o governo federal, incluindo o presidenciável Ciro Gomes (PPS), a quem classificou como "meia oposição".
Para as eleições presidenciais (2002), Lula acredita que o PT terá mais respaldo, em relação às anteriores, graças à conquista das prefeituras de algumas capitais.
"Quero ganhar as eleições em muitas cidades. Depois, reconstruir a frente de esquerdas e ampliá-la. Voltaremos a conversar com Itamar Franco (governador de Minas), Roberto Requião (senador do PMDB-PR), Brizola (Leonel, candidato do PDT à Prefeitura do Rio) e o PSB, definir um projeto mínimo e discutir quem será o candidato. Temos até março ou maio para isso", disse.
"Tenho dúvidas se o Ciro Gomes quer ser oposição ou o candidato do palácio. Defendo que conversemos com o Ciro também. Não devemos excluir esses setores que fazem meia oposição ao projeto do Fernando Henrique Cardoso para construirmos uma alternativa", disse Lula, que havia criticado Ciro em comício de Marta Suplicy (PT) em São Paulo.
Lula entende que, obrigatoriamente, o PT terá o candidato a presidente em uma eventual aliança. "É difícil imaginar que um partido que detém 30% dos votos em nível nacional não terá cabeça de chapa. É impensável em qualquer lugar do mundo."
Lula tampouco descarta sua candidatura: "Tem tanta gente que tem 1% e quer ser candidato. Por que eu, que tenho 30%, não posso ser?"
Segundo Lula, caso chegue à Presidência, o PT projeta um governo de combate ao modelo econômico defendido pelo Fundo Monetário Internacional.
Essa declaração foi uma resposta à indicação de dois diretores da agência Standard & Poor's de que ele e Ciro Gomes representam um risco para a atração de investimentos internacionais.
Lula afirmou que a Standard & Poor's é uma "agência de agiotagem". "É exatamente contra a política do FMI que o PT quer ganhar as eleições para a Presidência, até porque, se fosse para manter o "status quo", não precisaríamos ter candidato."
O petista equiparou o Brasil ao Peru quanto à corrupção nos meios governamentais, referindo-se ao assessor do governo peruano Vladimiro Montesinos, flagrado ao subornar um deputado. Lula disse que o escândalo no Peru pode ter relação com casos ocorridos em outros países -referindo-se às acusações de compra de votos contra FHC.
Lula afirmou que o desempenho do PT nas eleições dará uma sustentação que o partido nunca teve para chegar à Presidência.
"É melhor ir para uma campanha presidencial com muitas cidades governadas pelo seu partido. 2002 pode ser o ano de o PT ganhar mais governos importantes e a Presidência. Essas vitórias vão ajudar e muito", disse.
"Podemos ganhar capitais importantes a partir de Porto Alegre. A Benedita vai para o segundo turno no Rio, ganharemos Belo Horizonte, Belém, Rio Branco, Aracaju. Certamente vamos para o segundo turno em Fortaleza." Lula acredita que Marta Suplicy pode ganhar no primeiro turno em São Paulo. "Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, vamos colher nossos melhores resultados."
Quanto à extensão dos reajustes do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) relativa às perdas ocorridas nos planos Collor e Verão, Lula disse que FHC foi "oportunista", pois "sabia que o Supremo Tribunal Federal estenderia a todos os trabalhadores".
De acordo com Lula, FHC "está em uma situação desesperadora para ajudar seus candidatos. Medidas como essa são um desespero de quem vê o barco afundar".

FRASE

Tenho dúvidas se o Ciro Gomes quer ser oposição. Não devemos excluir esses setores que fazem meia oposição a FHC
LULA


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