São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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SERRA PELADA

Grupos lutam pelo direito de exploração; só lavra manual é permitida

Reabertura de garimpo gera conflito

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O decreto legislativo aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional que autoriza a reabertura do garimpo de Serra Pelada (PA) gerou tensão entre grupos rivais de garimpeiros pelo direito à exploração de cem hectares da área. Há risco iminente de conflito, diz a polícia.
Pelo menos 10 mil garimpeiros acampados nos municípios de Marabá (PA) e Curionópolis (PA) prometem invadir o garimpo nos próximos dias e resistir a cerca de 12 mil moradores da vila de Serra Pelada, no sul do Estado do Pará, que são contrários à invasão da área.
O Senado Federal autorizou a reabertura do garimpo apenas à lavra manual. O decreto retira a posse de uma área de cem hectares da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) e devolve à Cooperativa dos Garimpeiros. A Vale do Rio Doce informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá acatar a determinação do Senado.
O garimpo começou em 1980 e foi fechado em 1992. O apogeu da exploração de ouro ocorreu entre os anos de 1984 e 1985.
Há uma semana, os garimpeiros moradores da vila de Serra Pelada, no município de Curionópolis, bloquearam a pista que dá acesso ao local com barricadas e derrubaram uma das pontes de madeira para impedir a invasão do grupo rival.
Os moradores de Serra Pelada alegam viver na área desde que o garimpo foi fechado em 1992 e, por isso, tem o direito de explorar a extração na área.
Apoiando o grupo contrário, ligado aos garimpeiros moradores de Serra Pelada, está o prefeito do município de Curionópolis, Sebastião Curió (PSDB).

Pedido de reforços
A Polícia Militar da região solicitou reforço do governo do Estado. O governador Almir Gabriel (PSDB) esteve reunido ontem com o presidente da Comissão de Garimpeiros de Serra Pelada, Luiz da Mata, para buscar uma solução para o impasse. Mata diz temer que se realize um "banho de sangue" na região.
Os dez policiais militares que atuam no destacamento da Polícia Militar em Serra Pelada justificam não ter condições de evitar um confronto caso os garimpeiros acampados em Curionópolis, que fica a 35 km do garimpo, resolvam invadir o local.

Nova diretoria
De acordo com da Mata, agora a luta será para tentar destituir a atual diretoria da Coomigasp (Cooperativa de Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada), que tem ligações com o prefeito Sebastião Curió.
Da Mata e seu grupo querem eleger uma diretoria ligada à comissão que permanece acampada em Marabá.
Uma assembléia para escolher o novo presidente da cooperativa estava marcada para ocorrer anteontem, mas a realização da reunião foi suspensa pela Justiça de Curionópolis.
A Justiça entendeu que a escolha de um novo presidente para a cooperativa poderia agravar o conflito iminente entre os grupos de garimpeiros.



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