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SERRA PELADA
Grupos lutam pelo direito de exploração; só lavra manual é permitida
Reabertura de garimpo gera conflito
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O decreto legislativo aprovado
na semana passada pelo Congresso Nacional que autoriza a reabertura do garimpo de Serra Pelada
(PA) gerou tensão entre grupos
rivais de garimpeiros pelo direito
à exploração de cem hectares da
área. Há risco iminente de conflito, diz a polícia.
Pelo menos 10 mil garimpeiros
acampados nos municípios de
Marabá (PA) e Curionópolis (PA)
prometem invadir o garimpo nos
próximos dias e resistir a cerca de
12 mil moradores da vila de Serra
Pelada, no sul do Estado do Pará,
que são contrários à invasão da
área.
O Senado Federal autorizou a
reabertura do garimpo apenas à
lavra manual. O decreto retira a
posse de uma área de cem hectares da CVRD (Companhia Vale
do Rio Doce) e devolve à Cooperativa dos Garimpeiros. A Vale do
Rio Doce informou ontem, por
meio de sua assessoria de imprensa, que irá acatar a determinação
do Senado.
O garimpo começou em 1980 e
foi fechado em 1992. O apogeu da
exploração de ouro ocorreu entre
os anos de 1984 e 1985.
Há uma semana, os garimpeiros
moradores da vila de Serra Pelada, no município de Curionópolis, bloquearam a pista que dá
acesso ao local com barricadas e
derrubaram uma das pontes de
madeira para impedir a invasão
do grupo rival.
Os moradores de Serra Pelada
alegam viver na área desde que o
garimpo foi fechado em 1992 e,
por isso, tem o direito de explorar
a extração na área.
Apoiando o grupo contrário, ligado aos garimpeiros moradores
de Serra Pelada, está o prefeito do
município de Curionópolis, Sebastião Curió (PSDB).
Pedido de reforços
A Polícia Militar da região solicitou reforço do governo do Estado. O governador Almir Gabriel
(PSDB) esteve reunido ontem
com o presidente da Comissão de
Garimpeiros de Serra Pelada, Luiz
da Mata, para buscar uma solução
para o impasse. Mata diz temer
que se realize um "banho de sangue" na região.
Os dez policiais militares que
atuam no destacamento da Polícia Militar em Serra Pelada justificam não ter condições de evitar
um confronto caso os garimpeiros acampados em Curionópolis,
que fica a 35 km do garimpo, resolvam invadir o local.
Nova diretoria
De acordo com da Mata, agora a
luta será para tentar destituir a
atual diretoria da Coomigasp
(Cooperativa de Mineração de
Garimpeiros de Serra Pelada),
que tem ligações com o prefeito
Sebastião Curió.
Da Mata e seu grupo querem
eleger uma diretoria ligada à comissão que permanece acampada
em Marabá.
Uma assembléia para escolher o
novo presidente da cooperativa
estava marcada para ocorrer anteontem, mas a realização da reunião foi suspensa pela Justiça de
Curionópolis.
A Justiça entendeu que a escolha de um novo presidente para a
cooperativa poderia agravar o
conflito iminente entre os grupos
de garimpeiros.
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