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ALAGOAS
Publicitário diz que não recebeu por trabalho e ouviu que levaria um tiro
Assessor de Collor é acusado de ameaça
LUIZ CAVERSAN
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
O publicitário Márcio Sena, 50,
acusa José Héliton Vasconcelos,
um dos coordenadores da campanha de Fernando Collor de Mello (PRTB) ao governo de Alagoas, de tê-lo ameaçado de morte
e ordenado a invasão de sua produtora de vídeo em Maceió.
Sena, que produzia os programas dos candidatos minoritários
da coligação que apoia Collor, registrou queixa na polícia e afirma
que vai processar o coordenador
de marketing da campanha de
Collor, que nega as acusações.
Proprietário da produtora Sinal
de Vídeo, Sena diz que acertou
com Héliton a realização de inserções para o horário eleitoral de
mais de 30 candidatos da coligação de Collor (PRTB, PTB, PFL,
PPS, PPB) e também a manutenção de uma equipe de TV permanentemente com o ex-presidente.
"O acerto inicial foi de R$ 400
mil. (...) Trabalhamos cerca de
dois meses. Só que as parcelas
acertadas não foram pagas", afirmou Sena à Folha por telefone de
Natal, para onde voltou depois de
desmontar a produtora em Maceió -segundo disse, temendo
pela própria vida.
Ele gravou em vídeo depoimento em que relata o que teria ocorrido. O vídeo, ao qual a Folha teve
acesso, será usado no horário eleitoral por adversários de Collor.
Sena diz que há pouco mais de
duas semanas interrompeu o trabalho. "Foi então que recebi um
telefonema de Héliton dizendo
que vinha me dar um tiro."
No mesmo dia, afirma, cerca de
dez seguranças do comitê da
campanha de Collor tentaram invadir a produtora. "Eu os conhecia de vista, estavam todos armados e diziam que eu tinha que entregar as fitas [com gravações feitas com os candidatos"."
Por causa da chegada da polícia
e de jornalistas à produtora, diz
Sena, a invasão não se consumou.
No dia seguinte, ele teria recebido um telefonema de Héliton para ir ao comitê negociar. "Enquanto fui, a produtora foi invadida por três homens armados e
uma moça do comitê que eu havia
posto para fora no dia anterior.
Levaram todas as nossas fitas."
Sena disse que depois disso conseguiu receber parte do dinheiro
acertado, ficando com cerca de
um quarto do total. E que desistiu
de insistir para receber tudo. "O
que recebi foram mais ameaças
veementes. Os seguranças do comitê de Collor, todos uns bandidos, me disseram várias vezes
que, se eu não deixasse a cidade, ia
me dar mal. O esquema é pesado.
A gente vê falar e não acredita."
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