São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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ALAGOAS

Publicitário diz que não recebeu por trabalho e ouviu que levaria um tiro

Assessor de Collor é acusado de ameaça

LUIZ CAVERSAN
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

O publicitário Márcio Sena, 50, acusa José Héliton Vasconcelos, um dos coordenadores da campanha de Fernando Collor de Mello (PRTB) ao governo de Alagoas, de tê-lo ameaçado de morte e ordenado a invasão de sua produtora de vídeo em Maceió.
Sena, que produzia os programas dos candidatos minoritários da coligação que apoia Collor, registrou queixa na polícia e afirma que vai processar o coordenador de marketing da campanha de Collor, que nega as acusações.
Proprietário da produtora Sinal de Vídeo, Sena diz que acertou com Héliton a realização de inserções para o horário eleitoral de mais de 30 candidatos da coligação de Collor (PRTB, PTB, PFL, PPS, PPB) e também a manutenção de uma equipe de TV permanentemente com o ex-presidente.
"O acerto inicial foi de R$ 400 mil. (...) Trabalhamos cerca de dois meses. Só que as parcelas acertadas não foram pagas", afirmou Sena à Folha por telefone de Natal, para onde voltou depois de desmontar a produtora em Maceió -segundo disse, temendo pela própria vida.
Ele gravou em vídeo depoimento em que relata o que teria ocorrido. O vídeo, ao qual a Folha teve acesso, será usado no horário eleitoral por adversários de Collor.
Sena diz que há pouco mais de duas semanas interrompeu o trabalho. "Foi então que recebi um telefonema de Héliton dizendo que vinha me dar um tiro."
No mesmo dia, afirma, cerca de dez seguranças do comitê da campanha de Collor tentaram invadir a produtora. "Eu os conhecia de vista, estavam todos armados e diziam que eu tinha que entregar as fitas [com gravações feitas com os candidatos"."
Por causa da chegada da polícia e de jornalistas à produtora, diz Sena, a invasão não se consumou.
No dia seguinte, ele teria recebido um telefonema de Héliton para ir ao comitê negociar. "Enquanto fui, a produtora foi invadida por três homens armados e uma moça do comitê que eu havia posto para fora no dia anterior. Levaram todas as nossas fitas."
Sena disse que depois disso conseguiu receber parte do dinheiro acertado, ficando com cerca de um quarto do total. E que desistiu de insistir para receber tudo. "O que recebi foram mais ameaças veementes. Os seguranças do comitê de Collor, todos uns bandidos, me disseram várias vezes que, se eu não deixasse a cidade, ia me dar mal. O esquema é pesado. A gente vê falar e não acredita."



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