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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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POLÍTICA EXTERNA

Brasil fecha 12 acordos com ilha e facilita pagamento de dívida com BB

Lula desembarca em Cuba com presentes econômicos

Adalberto Roque/France Presse
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abraça o ditador Fidel Castro ao desembarcar em Havana


KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A CUBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 57, desembarcou ontem em Cuba com presentes econômicos para o ditador Fidel Castro, 77. Será facilitado o pagamento de 20% da dívida de cerca de R$ 134 milhões do país com o Banco do Brasil e serão investidos R$ 20 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na construção de uma usina de álcool combustível.
Lula desembarcou às 12h15 (horário de Brasília, 11h15 em Havana). Foi recebido na pista do aeroporto por Fidel, que quebrou o protocolo ao aparecer de surpresa. Fidel e Lula deixaram o aeroporto para um almoço na residência do embaixador do Brasil em Havana, Tilden Santiago.
Se os presentes econômicos brasileiros ajudam Fidel a sobreviver ao forte embargo comercial americano, eles também têm a função de facilitar os planos de empresários brasileiros de aumentar seus investimentos em Cuba, principalmente no setor de álcool combustível e de suco de laranja. Na avaliação do governo e de empresários brasileiros, Cuba deverá sofrer maior abertura comercial quando a ilha não for mais governada por Fidel.
No cenário pós-Fidel, seria estratégico para o Brasil tentar dominar o setor de álcool combustível e abocanhar parte do mercado de suco de laranja. Cuba fica próxima da Flórida, Estado norte-americano que compete com o Brasil na área de suco de laranja.
Em entrevista, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, confirmou um financiamento de R$ 20 milhões do BNDES para uma usina de álcool combustível em Cuba. "O dinheiro poderá ser usado por uma empresa brasileira ou por uma joint venture entre uma companhia do Brasil e de Cuba", afirmou Furlan.
No total, foram assinados 12 acordos, entre acertos comerciais, intenções de negócio e convênios de cooperação tecnológica. Alguns desses convênios serão de cooperação tecnológica entre Brasil e Cuba. Alguns estão na área de saúde e educação. O ministro Humberto Costa (Saúde), membro da comitiva, disse que o Brasil comprará medicamentos cubanos para tratamento de doenças do sangue e hepatite C.
A suavização do pagamento da dívida cubana com o Banco do Brasil será feita pelo seguinte mecanismo: 20% da dívida poderá ser paga por produtos importados pelo Brasil de uma lista específica. Nessa lista, há, por exemplo, medicamentos e barcos cubanos para pesca de lagosta. Exemplo: nas novas exportações de medicamentos de Cuba para o Brasil, o Banco do Brasil reteria 20% para o pagamento da dívida. A assessoria de imprensa do Banco do Brasil confirmou a informação, mas não revelou o valor da dívida nem a natureza do empréstimo.
O mesmo mecanismo, com o teto de 20%, também funcionará para o pagamento de dívidas de Cuba com empresas brasileiras. Essa dívida, porém, é pequena. Segundo o embaixador Washington Luís Pereira de Sousa, diretor do Departamento de América do Norte do Itamaraty, "Cuba deve algo entre R$ 36 milhões e R$ 43 milhões]". Esse acordo foi negociado pelo Banco do Brasil e o Banco Exterior de Cuba, equivalente ao BC brasileiro.

Comitiva
Acompanham Lula na viagem a Cuba os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Celso Amorim (Relações Exteriores), Humberto Costa (Saúde), Agnelo Queiroz (Esporte), José Graziano (Segurança Alimentar e Combate à Fome), José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Dulci (Secretaria Geral), além do líder do governo no Congresso, senador Amir Lando (PMDB-RO), do governador do Amazonas, Eduardo Braga (PSB), do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), do assessor da presidência, Frei Betto, e do deputado Inácio Arruda (PC do B-CE).


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