São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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Berzoini oferece cargos e consegue o apoio de Marta no segundo turno

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do Campo Majoritário à presidência do PT, Ricardo Berzoini, acertou o apoio do grupo político da ex-prefeita Marta Suplicy para tentar reverter, no segundo turno, sua desvantagem em relação às correntes de esquerda do partido em São Paulo, principal colégio eleitoral petista.
O acordo prevê a neutralidade de Berzoini, caso seja eleito, na prévia que definirá o candidato do partido ao governo do Estado -Marta disputa o posto com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante-, além de uma vaga na Executiva Nacional e três cadeiras no Diretório Nacional do partido para os correligionários da ex-prefeita -eles integram a corrente interna Novo Rumo.
O acordo estava praticamente fechado quando o ex-presidente do PT José Genoino era o candidato do Campo Majoritário. Com a saída de Genoino do páreo após a direção do partido virar alvo de denúncias de envolvimento no suposto esquema do "mensalão", Berzoini congelou as negociações.
Por conta disso, o grupo da ex-prefeita não apoiou sua candidatura no primeiro turno, liberando o voto dos seus correligionários.
Oficialmente, o Campo Majoritário e o grupo de Marta negam qualquer conversa envolvendo cargos de direção. Mas ontem, em encontro pela manhã com a ex-prefeita, o candidato aceitou os termos do acordo. Na cidade de São Paulo, Berzoini ficou atrás do candidato da Articulação de Esquerda, Valter Pomar, sendo superado por mais de 2.000 votos, quantia significativa, afirmam os petistas, para um grupo que deve enfrentar uma frente de correntes de esquerda no segundo turno.
O grupo de Marta é formado por ex-secretários municipais de sua gestão, como Rui Falcão e Valdemir Garreta, além de oito deputados estaduais e do deputado federal José Mentor (SP).
Berzoini ainda espera o apoio da corrente PT de Luta e de Massas caso o nome de Raul Pont, da Democracia Socialista, seja mesmo confirmado como seu adversário no segundo turno. O grupo, comandado por Jilmar Tatto, outro ex-secretário de Marta, despejou votos em Pomar no primeiro turno, garantindo ao candidato votações expressivas na zona sul.
Tatto afirma que sua corrente ainda não definiu quem irá apoiar no segundo turno. Com a votação obtida nas eleições, a chapa do PT de Luta e de Massas já garantiu uma cadeira na Executiva Nacional e participação no Diretório.
Berzoini também aposta na identificação de sua candidatura com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele pretende fazer uma defensa incondicional do governo federal, acentuando as diferenças com as correntes de esquerda do partido, opção que o aproxima ainda mais do discurso de Marta.
Já a esquerda petista vai tentar mostrar que, nos debates do primeiro turno, Berzoini fez, sim, críticas ao governo, incluindo pedido de mudança, mesmo que pontual, na política econômica.
Também pretende colar a imagem de Berzoini à do ex-ministro e deputado José Dirceu (SP) e à da antiga direção, da qual faziam parte, entre outros, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Silvio Pereira, envolvidos em denúncias de corrupção. (CONRADO CORSALETTE)


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