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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
6 petistas envolvidos no caso dossiê têm prisão decretada
PF não executará mandados até dia 4, seguindo determinação da Justiça Eleitoral
Pedido foi feito a juiz de
plantão no final de semana
pelo procurador Mário Lúcio
Avelar, que agora nega ter
requerido as detenções
LEONARDO SOUZA
FÁBIO VICTOR
ENVIADOS ESPECIAIS A CUIABÁ
A Justiça Federal decretou a
prisão, a pedido do Ministério
Público Federal, dos seis petistas envolvidos com a compra
do dossiê que seria usado contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra.
Gedimar Passos, Valdebran
Padilha, Expedito Veloso, Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti
e Freud Godoy, no entanto, não
foram presos ontem.
A PF entendeu que não poderia efetuar os mandados devido
a restrições impostas pela Justiça Eleitoral, que impede prisões a menos de cinco dias das
eleições, a não ser em flagrante.
Os mandados chegaram à Polícia Federal na madrugada de
segunda para terça-feira.
É a primeira vez que é solicitada e autorizada pela Justiça a
prisão de petistas diretamente
ligados à campanha do presidente. Na semana passada, a
Justiça havia negado pedido de
prisão preventiva de Freud, ex-assessor especial da Presidência da República.
O episódio representou também mais um atrito entre o
procurador que acompanha o
caso, Mário Lúcio Avelar, e a
Superintendência da PF em
Mato Grosso, que instaurou o
inquérito para apurar a origem
do dinheiro que seria usado pelo PT para comprar o dossiê.
O procurador fez os pedidos
de prisão no final de semana. A
Corregedoria da PF avaliou que
os mandados só poderão ser
cumpridos agora na semana
que vem, na próxima quarta-feira, 48 horas após o primeiro
turno das eleições, que será
neste domingo.
Mesmo depois de a reportagem ter confirmado a expedição do mandado com a PF e
com o advogado de Godoy, Augusto Adalto Botelho, o procurador negou que tivesse feito os
pedidos de prisão.
De acordo com Botelho, no
pedido de prisão, o Ministério
Público Federal argumentou
que houve várias contradições
nos depoimentos prestados pelos seis petistas. Assim, seria
necessário prendê-los e ouvi-los novamente para que as dúvidas fossem esclarecidas.
Segundo a Folha apurou, os
integrantes da PF responsáveis
pelo caso avaliaram que não seria necessário prendê-los para
colher seus depoimentos, bastava uma intimação a depor.
Entenderam também que
Avelar, para obter os mandados, recorreu à Justiça no final
de semana para que o despacho
fosse dado por juiz de plantão.
Gedimar e Valdebran foram
detidos em São Paulo no último dia 15. Eles portavam R$
1,75 milhão que seria usado para pagar o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia
dos sanguessugas, pelo dossiê
contra os tucanos.
Expedito Veloso, ex-diretor
do Banco do Brasil, Oswaldo
Bargas, Jorge Lorenzetti e
Freud Godoy são apontados
como envolvidos na negociação dos documentos, apreendidos pela PF em Cuiabá no dia
14 com Paulo Roberto Trevisan, tio de Vedoin. Eles integravam o comitê de campanha
à reeleição do presidente Lula.
Até o fechamento desta edição, Folha não havia conseguido localizar os advogados de
Gedimar, Valdebran, Lorenzetti, Veloso e Bargas. O advogado
de Godoy disse que deve entrar
hoje com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
"Achei no mínimo a estranha
essa decisão por se tratar de
um plantão judiciário. Meu
cliente nunca deixaria de comparecer à Justiça", afirmou.
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