São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Lupi contesta os senadores que criticam fiscalização

Comissão afirma que não há irregularidades em fazenda

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, rebateu ontem críticas de senadores sobre relatório da Secretaria de Inspeção do Trabalho que denuncia a existência de trabalhadores em condições "degradantes" e análogas ao trabalho escravo na Fazenda Pagrisa, no Pará.
"Eu estranho que, em mais de 520 ações dos auditores do trabalho, apenas essa empresa consiga tantos apoios." Lupi foi ontem ao Senado entregar o relatório. No documento, de cerca de 5.000 páginas, constam os depoimentos dos trabalhadores e a situação encontrada pelas equipes do ministério que visitaram a fazenda em junho e julho: 1.064 empregados tiveram contratos rescindidos por estarem em situação precária.
Segundo o relatório, "o pagamento dos salários feria de morte a dignidade dos obreiros. Estes chegaram ao grupo de fiscalização com contracheques zerados ou valores irrisórios que em alguns casos não chegavam a R$ 10,00". O ministro criticou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que o chamou de "folclórico": "Se eu sou folclórico, quero perguntar o que acham os mais de mil trabalhadores sobre esse folclore".
A Pagrisa vendia álcool à Petrobras, que, após a inspeção, suspendeu as compras. A Pagrisa diz que a situação trabalhista está em ordem. Os irmãos Murilo, Fernão e Marcos Villela Zancaner, donos da fazenda, procuraram a bancada ruralista do Senado para criticar excessos dos técnicos. O Senado enviou ao Pará uma comissão com os senadores Flecha Ribeiro (PSDB-PA), Kátia Abreu (DEM-TO), Cícero Lucena (PSDB-PB), Romeu Tuma (DEM-SP) e Jarbas Vasconcelos, que não viram irregularidades nas condições de trabalho.
Em protesto, a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, paralisou os trabalhos das equipes. Segundo Kátia Abreu, isso é "uma ação birrenta que paralisa as investigações".


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