|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERSONALIDADE
Advogado, que sofria de tumor no cérebro, ocupou três ministérios durante o regime militar e conduziu processo de desburocratização
Ex-ministro Helio Beltrão morre aos 81 anos
da Sucursal do Rio
Ministro de três pastas no regime
militar (1964-1985), Helio Beltrão
morreu ontem no Rio, aos 81 anos,
vítima de insuficiência respiratória provocada por tratamento contra um tumor no cérebro.
Ele será enterrado hoje às 11h no
cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio).
No começo do ano, Beltrão começou a sentir tonturas. Em abril,
uma tomografia constatou a presença de um tumor no seu cérebro.
Combatido com radioterapia, o
tumor diminuiu de tamanho em
70%, mas depois voltou a crescer.
O tratamento provocou dificuldades respiratórias e circulatórias
no ex-ministro, que também sofria de problemas cardíacos -ele
tinha três pontes no coração.
Há meses, Helio Beltrão só se locomovia de cadeira de rodas. Há
semanas, passava muito tempo
sem reconhecer pessoas.
Ele morreu ontem às 10h45,
acompanhado de médicos e parentes em seu apartamento, em
Ipanema (zona sul).
"Ele continuava otimista, torcendo para o Brasil, com esperança de que o real melhorasse a vida
das pessoas", disse sua filha Cristiane, 28, administradora de empresas. Beltrão deixou mais dois filhos: o engenheiro Helio, 30, e a
jornalista Maria, 26, apresentadora da Globo News. Ele era casado
com a arqueóloga Maria Beltrão.
Trajetória
O advogado, economista e mestre em direito, Helio Marcos Pena
Beltrão nasceu em 15 de outubro
de 1916, no Rio.
Durante o governo de Carlos Lacerda, no então Estado da Guanabara (1960-1965), foi secretário do
Interior e do Planejamento.
Foi encarregado de realizar a reforma administrativa no governo
de Humberto de Alencar Castello
Branco (1964-1967) e criou a Secretaria de Planejamento e secretarias gerais em cada um dos ministérios, com o objetivo de desburocratizar o serviço público.
De 1967 a 1969, foi ministro do
Planejamento do governo do general Costa e Silva. Em dezembro
de 1968, foi um dos signatários do
Ato Institucional nš 5, que permitiu a cassação de parlamentares e a
suspensão de direitos políticos.
No governo João Baptista Figueiredo (1979-1985), foi ministro extraordinário para a Desburocratização, de 1979 a 1983, e ministro da
Previdência, de 1982 a 1983.
No projeto contra a burocracia,
tornou-se figura popular devido à
sátira ao governo, que, para desburocratizar, criou mais cargos.
A reforma dispensou a apresentação, em órgãos federais, de atestados de vida e residência, de pobreza, de idoneidade moral e de
bons antecedentes. Parte da burocracia foi depois reintroduzida.
No governo Sarney (1985-1990),
o primeiro civil desde o movimento militar de 1964, Beltrão presidiu
a Petrobrás de 1985 a 1986. Antes
da doença, dirigia empresas da família, integrando o conselho do
grupo Ultra.
(MÁRIO MAGALHÃES)
Colaborou Claudia Rossi, do Banco de Dados
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|