São Paulo, segunda, 27 de outubro de 1997.




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PERSONALIDADE
Advogado, que sofria de tumor no cérebro, ocupou três ministérios durante o regime militar e conduziu processo de desburocratização
Ex-ministro Helio Beltrão morre aos 81 anos

da Sucursal do Rio

Ministro de três pastas no regime militar (1964-1985), Helio Beltrão morreu ontem no Rio, aos 81 anos, vítima de insuficiência respiratória provocada por tratamento contra um tumor no cérebro.
Ele será enterrado hoje às 11h no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio).
No começo do ano, Beltrão começou a sentir tonturas. Em abril, uma tomografia constatou a presença de um tumor no seu cérebro.
Combatido com radioterapia, o tumor diminuiu de tamanho em 70%, mas depois voltou a crescer.
O tratamento provocou dificuldades respiratórias e circulatórias no ex-ministro, que também sofria de problemas cardíacos -ele tinha três pontes no coração.
Há meses, Helio Beltrão só se locomovia de cadeira de rodas. Há semanas, passava muito tempo sem reconhecer pessoas.
Ele morreu ontem às 10h45, acompanhado de médicos e parentes em seu apartamento, em Ipanema (zona sul).
"Ele continuava otimista, torcendo para o Brasil, com esperança de que o real melhorasse a vida das pessoas", disse sua filha Cristiane, 28, administradora de empresas. Beltrão deixou mais dois filhos: o engenheiro Helio, 30, e a jornalista Maria, 26, apresentadora da Globo News. Ele era casado com a arqueóloga Maria Beltrão.
Trajetória
O advogado, economista e mestre em direito, Helio Marcos Pena Beltrão nasceu em 15 de outubro de 1916, no Rio.
Durante o governo de Carlos Lacerda, no então Estado da Guanabara (1960-1965), foi secretário do Interior e do Planejamento.
Foi encarregado de realizar a reforma administrativa no governo de Humberto de Alencar Castello Branco (1964-1967) e criou a Secretaria de Planejamento e secretarias gerais em cada um dos ministérios, com o objetivo de desburocratizar o serviço público.
De 1967 a 1969, foi ministro do Planejamento do governo do general Costa e Silva. Em dezembro de 1968, foi um dos signatários do Ato Institucional nš 5, que permitiu a cassação de parlamentares e a suspensão de direitos políticos.
No governo João Baptista Figueiredo (1979-1985), foi ministro extraordinário para a Desburocratização, de 1979 a 1983, e ministro da Previdência, de 1982 a 1983.
No projeto contra a burocracia, tornou-se figura popular devido à sátira ao governo, que, para desburocratizar, criou mais cargos.
A reforma dispensou a apresentação, em órgãos federais, de atestados de vida e residência, de pobreza, de idoneidade moral e de bons antecedentes. Parte da burocracia foi depois reintroduzida.
No governo Sarney (1985-1990), o primeiro civil desde o movimento militar de 1964, Beltrão presidiu a Petrobrás de 1985 a 1986. Antes da doença, dirigia empresas da família, integrando o conselho do grupo Ultra. (MÁRIO MAGALHÃES)


Colaborou Claudia Rossi, do Banco de Dados



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