São Paulo, segunda, 27 de outubro de 1997.




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DINHEIRO PÚBLICO 2
Empresa recebe cerca de R$ 700 mi para modernizar ou ampliar fábricas e abrir duas novas unidades
Brahma é recordista em empréstimos

da Reportagem Local

Nem Vale do Rio Doce nem Vo torantim -dois dos maiores in vestidores entre os grupos brasilei ros- ficam muito atrás de outras empresas, menores, na corrida por crédito do BNDES.
A empresa privada que mais em préstimos conseguiu contratar di retamente no BNDES em 1996 e 1997 foi a Brahma: foram cerca de R$ 700 milhões até o final de se tembro, segundo levantamento do BNDES, ou R$ 735 milhões, de acordo com Danilo Palmer, dire tor financeiro e de relações com o mercado da empresa.
A Brahma ainda não recebeu to dos os recursos, que vão sendo li berados pelo BNDES conforme o ritmo do investimento -em 1996, entraram no caixa da companhia R$ 51 milhões e, neste ano, até ago ra, mais R$ 234 milhões. Até de zembro, o total dos dois anos deve chegar a R$ 350 milhões.
"Estamos entre os maiores to madores de créditos do BNDES, assim como somos provavelmente uma das empresas que mais inves te em expansão e em moderniza ção", explica Palmer.
Desde janeiro de 1996, a empresa construiu uma fábrica no Rio (que está agora sendo ampliada) e outra em Sergipe e decidiu ampliar a produção ou modernizar 24 de suas 25 fábricas. A construção de duas outras fábricas vai ser inicia da em 1998, uma no Rio Grande do Sul e outra no Centro-Oeste.
Os resultados em termos de cria ção de empregos diretos desses empréstimos -parcialmente ban cados pelo FAT (Fundo de Ampa ro ao Trabalhador)- são, porém, mais modestos. A instalação das três fábricas resultarão em 2.400 empregos diretos. Cerca de 2.500 pessoas trabalham na construção de cada fábrica. Atualmente, a em presa emprega diretamente apro ximadamente 9.000 pessoas.
Os investimentos em moderni zação resultam, em muitos casos, em demissões, confirma Palmer, por causa da automação. "Muitos equipamentos eletrônicos estão mesmo substituindo mão-de-obra na fábrica, mas, com o crescimen to da produção resultante da mo dernização, estamos aumentando a oferta de empregos indiretos -motoristas de caminhão para distribuir mais cerveja e refrige rantes, vendedores etc."
A relativamente pequena gera ção de empregos como resultado de um grande volume de investi mentos não é, obviamente, exclu sividade da Brahma.
Para o presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, a crítica não procede: se os investi mentos em modernização não fo rem feitos, não será apenas um grupo de funcionários de uma em presa que perderá o emprego, mas todos, afirma. A empresa que não se modernizar não vai poder com petir num mundo cada vez mais globalizado e acabará fechando as portas. (CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO)



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