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DINHEIRO PÚBLICO 2
Empresa recebe cerca de R$ 700 mi para modernizar ou ampliar fábricas e abrir duas novas unidades
Brahma é recordista em empréstimos
da Reportagem Local
Nem Vale do Rio Doce nem Vo
torantim -dois dos maiores in
vestidores entre os grupos brasilei
ros- ficam muito atrás de outras
empresas, menores, na corrida
por crédito do BNDES.
A empresa privada que mais em
préstimos conseguiu contratar di
retamente no BNDES em 1996 e
1997 foi a Brahma: foram cerca de
R$ 700 milhões até o final de se
tembro, segundo levantamento do
BNDES, ou R$ 735 milhões, de
acordo com Danilo Palmer, dire
tor financeiro e de relações com o
mercado da empresa.
A Brahma ainda não recebeu to
dos os recursos, que vão sendo li
berados pelo BNDES conforme o
ritmo do investimento -em 1996,
entraram no caixa da companhia
R$ 51 milhões e, neste ano, até ago
ra, mais R$ 234 milhões. Até de
zembro, o total dos dois anos deve
chegar a R$ 350 milhões.
"Estamos entre os maiores to
madores de créditos do BNDES,
assim como somos provavelmente
uma das empresas que mais inves
te em expansão e em moderniza
ção", explica Palmer.
Desde janeiro de 1996, a empresa
construiu uma fábrica no Rio (que
está agora sendo ampliada) e outra
em Sergipe e decidiu ampliar a
produção ou modernizar 24 de
suas 25 fábricas. A construção de
duas outras fábricas vai ser inicia
da em 1998, uma no Rio Grande do
Sul e outra no Centro-Oeste.
Os resultados em termos de cria
ção de empregos diretos desses
empréstimos -parcialmente ban
cados pelo FAT (Fundo de Ampa
ro ao Trabalhador)- são, porém,
mais modestos. A instalação das
três fábricas resultarão em 2.400
empregos diretos. Cerca de 2.500
pessoas trabalham na construção
de cada fábrica. Atualmente, a em
presa emprega diretamente apro
ximadamente 9.000 pessoas.
Os investimentos em moderni
zação resultam, em muitos casos,
em demissões, confirma Palmer,
por causa da automação. "Muitos
equipamentos eletrônicos estão
mesmo substituindo mão-de-obra
na fábrica, mas, com o crescimen
to da produção resultante da mo
dernização, estamos aumentando
a oferta de empregos indiretos
-motoristas de caminhão para
distribuir mais cerveja e refrige
rantes, vendedores etc."
A relativamente pequena gera
ção de empregos como resultado
de um grande volume de investi
mentos não é, obviamente, exclu
sividade da Brahma.
Para o presidente do BNDES,
Luiz Carlos Mendonça de Barros, a
crítica não procede: se os investi
mentos em modernização não fo
rem feitos, não será apenas um
grupo de funcionários de uma em
presa que perderá o emprego, mas
todos, afirma. A empresa que não
se modernizar não vai poder com
petir num mundo cada vez mais
globalizado e acabará fechando as
portas.
(CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO)
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